Um pastor evangélico que publicou um vídeo criticando a realização de uma celebração ecumênica com a presença de representantes da umbanda, além de um padre e um pastor, será investigado pelo Ministério Público
O pastor Rodrigo Dias publicou um vídeo em que expõe sua reprovação a uma celebração ecumênica realizada por formandos de psicologia, incluindo uma mãe de santo da umbanda.
“Inacreditável! Pastor, padre e mãe de santo juntos na igreja. Onde iremos parar”, diz o título da publicação pela por Rodrigo Dias. A celebração ecumênica teria sido realizada no Acre em janeiro de 2020, de acordo com informações do portal G1, mas a crítica do pastor foi publicada na última sexta-feira, 20 de maio.
“Olhando apenas com os olhos carnais, pode parecer algo normal, para algumas pessoas pode ser até bonito, como atitude de pedir o fim da intolerância religiosa ou dos ataques contra outras religiões. Mas, olhando através de uma ótica espiritual, podemos ver que existem coisas muito mais profundas por trás dessa cena”, afirma Dias.
O ecumenismo é uma prática vista de forma muito negativa por grande parte dos fiéis evangélicos. Em 2018, o cantor Kleber Lucas se queixou de boicote após suas iniciativas de aproximação de religiões afro-brasileiras. Igrejas e emissoras de rádio evangélicas discordantes de suas posturas deixaram de convida-lo e de veicular suas músicas.
Diante do posicionamento crítico do pastor Dias, reprovando o ecumenismo, houve reação por parte da Tenda de Umbanda Luz da Vida, de Rio Branco (AC), que divulgou uma nota de repúdio acusando o pastor Dias de preconceito e discurso de ódio contra religiões afro:
“Atacam diretamente a imagem da nossa dirigente espiritual Mãe Marajoana de Xangô e maximizam o preconceito contra as religiões de terreiro, em especial, à Umbanda”, diz trecho da nota.
“A Umbanda é paz e amor, é um mundo cheio de luz. É a prática do amor e da caridade para a expansão da consciência. O ecumenismo e a união de povos e culturas, a partir do respeito entre suas particularidades, é a expressão mais pura da prática real do que nos ensina Deus/Olorum/Zambi/Jeová/Allah…E ciente disso, não podemos aceitar que a Constituição Brasileira seja rasgada com práticas tão arcaicas e violentas de intolerância e preconceito”, acrescenta o texto da Tenda.
Diante da repercussão, o Ministério Público do Acre (MP-AC) divulgou um comunicado informando que irá investigar o suposto crime que é imputado ao pastor: “A denúncia será investigada pela Promotoria de Justiça Especializada de Defesa dos Direitos Humanos”.
O pastor Rodrigo Dias foi procurado para comentar a acusação e a notícia de que o Ministério Público investigará o suposto crime que ele teria cometido ao expressar reprovação à celebração ecumênica, mas não teria respondido aos contatos da reportagem do G1.