Viralizou nas redes sociais um vídeo onde uma mãe de santo, identificada como Giulia de Oxum, aparece sendo confrontada por cidadãos durante a sua presença em um cemitério de Linha Anta, localizado no município de Içara, no Sul catarinense.
De acordo com informações publicadas pelo Jornal Razão, a religiosa estaria fazendo um “trabalho” no local. Isto é, um ritual típico das religiões de origem africana como o candomblé, também chamado popularmente de “xangô”, “catimbó”, “macumba” e “umbanda”, dependendo da região do país.
Na gravação é possível observar o momento em que populares se aproximam da mãe de santo, pedindo para que ela retire os objetos do ritual supostamente praticado por ela.
A mãe de santo, por sua vez, argumentou que não estava praticando mal a ninguém, e que estava apenas realizando o seu trabalho. Ela também afirmou que pelo fato do cemitério ser um local público, teria o direito de praticar o seu ritual no local.
Ritual no cemitério
De fato, a legislação permite a realização de rituais religiosos em cemitérios públicos, desde que observados alguns critérios. A título de exemplo, o município da Estância Hidromineral de Poá possui a Lei N° 4.221 de 16 de maio de 2022, que estabelece o seguinte:
“Art. 3° – O recinto dos cemitérios é livre a todos os cultos religiosos para a prática dos respectivos ritos, desde que não ofendam a moral pública e as leis do país.
Parágrafo único. A prática dos ritos religiosos, a que se refere este artigo, limitar-se-á ao interior das capelas ou à beira das sepulturas.”
No vídeo repercutido pelo Jornal Razão, cidadãos deram a entender que a mãe de santo teria praticado seu ritual em local inapropriado no cemitério, o que foi negado por ela. Em dado momento é possível ouvir a voz de um homem dizendo que “todo dia é essa palhaçada”, também se referindo à prática como “nojeira”.
“O cemitério é público, não é deles, tenho o direito de fazer trabalhos lá. Veio este grupo de mães com essas camisetas já gritar me ofendendo, como já é de costume, ignorei e segui entrando no cemitério, quando cheguei lá dentro elas começaram a me xingar, falando que eu era o diabo, que era para ir rezar”, rebateu a mãe de santo.
O caso, que pode ser debatido ou não como possível intolerância religiosa, não foi comentado pela Prefeitura de Içara ou de representantes legais até o fechamento dessa matéria, ainda segundo o Razão. Assista:
https://twitter.com/jornalrazao/status/1772697092789563856