A história de vida de uma menina pobre que superou as dificuldades após ser ajudada por um trabalho missionário será contada nos cinemas pelo filme Rainha de Katwe, produzido pela Disney.
Phiona Mutesi, 20 anos, é uma ugandense que se tornou jogadora profissional de xadrez após conhecer o jogo em uma igreja que recebeu um projeto missionário internacional, que usa o esporte como ferramenta para levar o Evangelho.
Ela nasceu em uma das áreas consideradas de extrema pobreza: o bairro Katwe, em Kampala, capital de Uganda. Phiona se tornou órfã aos três anos, quando perdeu o pai, e a família passou a ser guiada exclusivamente pela mãe. As dificuldades financeiras eram tantas que elas terminaram despejadas por não poderem pagar o aluguel e foram viver nas ruas, lutando pela subsistência diária.
Em 2007, Phiona descobriu a Igreja Ágape, que funcionava numa sala pequena. O templo funcionava como base do projeto Sport Outreach Ministry (SOM), que faz missões junto a crianças e adolescentes, oferecendo atividades esportivas e refeições. Entre um e outro, prega o Evangelho.
A enxadrista admitiu, tempos depois, que foi à igreja apenas para comer, mas ao chegar ao local, a mensagem que ouviu a tocou na alma, além de permitir que ela descobrisse suas habilidades no esporte de tabuleiro.
O responsável pelo núcleo missionário em Katwe era o ex-jogador de futebol Robert Katende, que a incentivou a ir adiante no esporte. Ele é um dos integrantes do SOM, que também atua em países vizinhos a Uganda, como o Quênia, com projetos de perfuração de poços artesianos, oferta de bolsas de estudos e outras ações.
Para o presidente da SOM, Sal Ferlise, o filme irá mostrar o enorme trabalho social que as missões cristãs desenvolvem ao redor do mundo. De acordo com informações do Evangelical Focus, há cenas no longa em que o trabalho humanitário desenvolvido pelas igrejas é mostrado de forma enfática, além dos momentos de oração e celebração.
A própria Phiona é fruto desse trabalho, pois além de sua introdução ao esporte, ela era analfabeta quando passou a integrar o trabalho e contou com o apoio de Katende para superar a cultura machista de Uganda.
Em 2009, ela venceu sua primeira competição internacional, no Sudão. Um ano depois, o jornalista Tim Crothers se interessou pela história de vida da menina, a visitou em Katwe e escreveu um artigo, que posteriormente tornou-se um livro. Em 2012 participou da Olimpíada Mundial de Xadrez, na Rússia, e venceu.
Com todo esse sucesso, a Disney se interessou pela história, comprou os direitos do livro e agora está lançando o filme, que estreia no próximo dia 24 de novembro. O elenco do filme é formado por Lupita Nyong’o, atriz vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em 2014, no filme “12 Anos de Escravidão”; David Oyelowo e a estreante Madina Nalwanga.
Oyelowo comentou, na apresentação do filme durante o Festival Internacional de Cinema de Toronto, que o filme foge ao lugar comum de Hollywood: “É uma história de afirmação da vida. Não vemos o suficiente disso, acredito, nem no cinema, nem na imprensa. Estou muito orgulhoso de ver uma história como esta feita pela Disney”.
Phiona Mutesi foi à estreia para assistir ao filme sobre a sua vida, e disse que mal podia acreditar que sua história havia sido transformada em um longa-metragem. Ela destacou ainda que o trabalho missionário a ofereceu “oportunidades e me ensinou que outra vida é possível”.
“Minha vida foi muito difícil, eu dormi na rua, mas quando eu vi as crianças brincando felizes e animadas, pensei que eu queria ter a chance de ser feliz”, concluiu.
Assista ao trailer do filme: