A Igreja Universal do Reino de Deus está no centro de uma nova polêmica entre a imprensa carioca e o prefeito da cidade, Marcelo Crivella (PRB), bispo licenciado da denominação. A realização de eventos em escolas municipais é a nova fonte de queixas e críticas, mesmo que as reuniões tenham cunho social.
No mês de setembro, a Universal realizou uma ação social no CIEP Gustavo Capanema, na favela do Complexo da Maré, com oferta de assistência médica, jurídica, cestas básicas e marmitas, gratuitamente.
Agora, em novembro, o jornalista Ancelmo Góis divulgou, em sua coluna no jornal O Globo, que a denominação liderada pelo bispo Edir Macedo realizou, no último domingo, 05 de novembro, outra ação social, desta vez na Escola Municipal Joaquim Abilio Borges, no bairro de Humaitá.
Dentre as atrações do evento estavam palestras para mães solteiras, do projeto T-Amar, e mulheres que sofreram com violência doméstica, do projeto Raabe. A iniciativa, segundo a Universal, foi desenvolvida para “oferecer apoio e conscientização”.
A despeito do ruído gerado pela má vontade da imprensa – em especial do Grupo Globo – com Crivella por ele ser evangélico e bispo da Universal, ambos os eventos lotaram as escolas, já que as regiões onde foram realizados são carentes e as famílias precisam de todo tipo de apoio.
A Secretaria Municipal de Educação (SME) emitiu comunicado informando que qualquer instituição — religiosa ou não — pode solicitar à direção das escolas o uso dos prédios em horários ociosos para ações com fins sociais, gratuitos, com atividades educacionais, culturais ou de “interesse da comunidade”. Festas particulares são proibidas, e eventuais danos à estrutura da escola é de responsabilidade da instituição que fez a solicitação.
Além disso, a SME reiterou que a Universal não é a única a realizar eventos nas escolas da cidade, e apontou que as igrejas Metodista Ortodoxa, de Madureira, e a Primeira Igreja Batista, de Jardim Novo Realengo, utilizaram, em 15 de julho, o espaço do CIEP Almir Bonfim de Andrade, em Vila Valqueire, por exemplo. O jornal O Globo descobriu que a Igreja Batista da Pavuna também levou serviços para o CIEP Anton Makarenko, de Costa Barros.
No entanto, mesmo com a oferta de serviços essenciais, a professora da Universidade de São Paulo (USP) Roseli Fischmann, pesquisadora de laicidade estatal, criticou a iniciativa: “O prédio público não pode servir a grupos religiosos, especialmente se forem ligados ao prefeito. Tudo bem que ajuda as pessoas, mas por que o evento não pode ser feito na própria igreja?”, questionou.