A cantora gospel Vicky Beeching assumiu publicamente que é lésbica e que durante muito tempo sofreu com depressão por conta das pregações que ouvia na igreja tratando a homossexualidade como “coisa do demônio”.
Aos 35 anos, formada em teologia na Universidade de Oxford, na Inglaterra, Beeching é vista como um dos principais nomes da música na Igreja Anglicana. Compositora desde os 11 anos de idade, já vendeu milhões de discos nos Estados Unidos.
Filha de pais conservadores, Vicky Beeching afirmou ao jornal inglês The Independent que começou a se sentir atraída por outras meninas aos 12 anos de idade: “Perceber que eu estava atraída por elas foi uma sensação horrível. Eu estava tão envergonhada! Era uma luta, porque eu não podia contar a ninguém”, disse.
Aos 13 anos de idade, Vicky disse que vivia orando a Deus para que a atração por outras meninas deixasse de existir, e no desespero, chegou a pedir a Deus que tirasse sua vida se não fosse possível fazer o desejo desaparecer.
“Lembro de muitas pessoas colocando as mãos nos meus ombros, orando muito alto e, em seguida, gritando coisas tipo: ‘Nós ordenamos que Satanás saia! Saia fora, corja de demônios! Nós dizemos a vocês, demônios da homossexualidade: deixem a menina em paz!’”.
A cantora disse que esse episódio a fez sentir-se humilhada, e a partir daí, tornou-se mais introspectiva e passou a buscar alternativas, como dedicar-se aos estudos. Formada em teologia, Vicky mudou-se para Nashville, nos Estados Unidos, para seguir carreira como compositora.
Cercada por igrejas conservadoras evangélicas, Vicky seguiu a carreira como cantora e se tornou referência na música gospel do país. Em 2008, aos 29 anos, mudou-se para San Diego, na Califórnia, esperando que o ambiente mais liberal a permitisse novas reflexões.
No início deste ano ela descobriu que estava com uma doença rara de pele que poderia inclusive matá-la. Nas sessões de quimioterapia, Vicky decidiu que, aos 35 anos, deveria tomar uma postura mais objetiva sobre suas questões pessoais.
“Olhei para o meu braço com a agulha da quimioterapia, olhei para a minha vida, e pensei: ‘tenho que entrar em acordo com quem eu sou’. Trinta e cinco é metade de uma vida, e eu não posso perder a outra metade. Perdi tanta vida como uma sombra de uma pessoa”, lamentou a cantora.
Vicky revelou ainda que até esse momento, nunca havia mantido um relacionamento homossexual. Após sentar para conversar com seus pais e revelar a eles a verdade, ouviu um pedido de desculpas pelos constrangimentos e chegou a um acordo com eles sobre discordarem no quesito teologia.
Ao final da entrevista, a cantora concluiu o que pensa a respeito do assunto: “Deus me ama do jeito que sou”.