Após uma semana inteira sob holofotes devido suas críticas à eleição de Marco Feliciano (PSC-SP) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, o deputado federal Jean Wyllys voltou suas baterias ao pastor Silas Malafaia.
Wyllys fez críticas às declarações de Malafaia durante a entrevista dele ao programa Pânico na Band, na última semana.
Sobre o fato de Malafaia afirmar que tem o direito de criticar a prática homossexual e que isso não se caracteriza julgamento, Wyllys disse: “É um direito dele. Ele tem razão quando ele diz que tem esse direito. Ele tem o direito de dizer isso no púlpito da igreja dele. Quando o pastor Silas Malafaia injuria a comunidade homossexual, aí ele tem que ser acionado mesmo pelo Ministério Público. E para o público que ele fala, as pessoas que acatam o que ele diz como verdade, compra esse tipo de discurso do pastor Silas Malafaia”, comentou.
Jean Wyllys afirmou ainda que se a homossexualidade é tida como pecado pelos cristãos, é preciso cuidado com a interpretação do que a Bíblia fala e com a dimensão que a pregação pode tomar.
“A prática homossexual é pecado à luz da Bíblia. Ok. Diz que um homem se deitar com outro como se mulher fosse é abominação. Só que a gente precisa entender que o Levítico, que é um código de ética do povo judeu de três mil anos atrás. Então o problema não é com os pastores, nem com os cristãos, mas com os fundamentalistas, aquelas pessoas que leem a Bíblia e não interpretam, tomam ao pé da letra. No livro do Levítico, por exemplo, diz que você não pode comer frutos do mar, que você está atentando contra Deus. E quem é que hoje não come uma empada de camarão?”, questionou o deputado federal pelo Psol-RJ.
Os ataques ao líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo começaram com severas críticas à capacidade do pastor de debater certos assuntos: “Silas Malafaia blefa muito, gosta de vencer no grito. Silas Malafaia tem uma formação precária de psicólogo. Se você pesquisar onde tem todos os currículos de todos os pesquisadores científicos do país, onde eu estou já que eu tenho um mestrado, você não encontra referência do pastor Silas Malafaia”, disse.
Em sua entrevista a Sabrina Sato na semana anterior, Malafaia afirmou que os gays que desejam receber ajuda para modificar sua condição devem recebê-la, e que as igrejas evangélicas oferecem ajuda espiritual a quem busca. Wyllys rebateu a fala do pastor dizendo que “homossexualidade não é doença, logo não pode ter cura” e ironizou: “Primeiro, eu acho estranho que o pastor Silas Malafaia fale isso não sendo gay, não é? Fica uma coisa arrogante alguém falar em nome de uma população inteira, não é? Eu sou gay, então eu posso falar em nome de todos os outros gays e lésbicas que tem nesse país. A gente tem uma sensação de que essa identidade está conosco desde que a gente se entende por gente. Não é uma opção, é um imperativo”.
Wyllys polemizou ainda mais dizendo que a pregação bíblica contra a homossexualidade pode induzir pessoas “de espírito fraco” a cometer crimes em nome da fé: “Ele quer continuar dizendo que a homossexualidade é um pecado, é uma aberração, uma abominação, e quando ele diz isso, uma pessoa sem formação, de espírito fraco, pode de fato matar um ser humano por isso, e acha que tá fazendo algo certo, porque se o gay é fruto do demônio, tenho que matar o demônio. E por isso o projeto tem que limitar a expressão pública de ódio”, afirmou, fazendo referência ao PLC 122.
O deputado e militante gay terminou suas colocações sobre o pastor Silas Malafaia no ataque: “Silas Malafaia faz um malabarismo lógico para justificar as opiniões dele. Então agora, quando ele foi acusado de fazer uma comparação infeliz entre os homossexuais e os assassinos, ele vem com a história de que os assassinos merecem o amor das pessoas. Você vê que é o malabarismo lógico de uma pessoa que é desonesta intelectualmente”, acusou.
Confira abaixo, a íntegra da entrevista de Jean Wyllys para Sabrina Sato, do programa Pânico na Band:
Por Tiago Chagas, para o Gospel+