A eleição de Jorge Mario Bergoglio para o pontificado à frente da Igreja Católica aconteceu num momento em que a denominação mais se preocupa com a perda de fiéis para segmentos evangélicos do cristianismo.
O papa emérito Bento XVI afirmou em agosto de 2012 (à época, ainda em exercício de seu pontificado) que a Igreja Católica deveria se preparar melhor para entender o contexto religioso e plural da América Latina, e reduzir a perda de fiéis na região.
Para o cardeal Theodore McCarrick, bispo de Washington, DC, nos Estados Unidos, o papa Francisco é a figura ideal para o desafio mencionado por Bento XVI, por ser da região, e ter personalidade humilde.
“Quando o papa visitar o Brasil, fará seus cidadãos verem a importância da Igreja Católica ali e o fará com entusiasmo, dirigindo-se diretamente às pessoas, fazendo-as ver que não existe uma diferença essencial entre essa confissão e a evangélica”, indicou McCarrick em entrevisto ao jornal espanhol El Pais.
Recentemente o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que durante a primeira década dos anos 2000, a Igreja Católica perdeu 10% de seus fiéis, enquanto as denominações evangélicas chegaram à expressiva marca de 42 milhões de fiéis, com um crescimento de 61% em 10 anos.
A estratégia de Francisco, no entanto, não deverá ser de confronto. Durante o período entre os conclaves que elegeram Bento XVI e o que o elegeu, o cardeal Jorge Mario Bergoglio trabalhou numa aproximação com os evangélicos na Argentina.
“Se ele quiser, mudará a América Latina de alto a baixo […] Francisco é o melhor pastor, tem a intenção de transpor a linguagem do Concílio Vaticano 2º para o dia a dia […] Desenvolverá uma relação diferente da que a Igreja Católica teve até agora na América Latina, concentrada nas elites e nos governantes. Isso vai mudar, vai ser diferente”, prevê o cardeal McCarrick, que não votou no último conclave devido à sua idade, 83 anos.
O papa Francisco, teria segundo McCarrick, o perfil ideal para lidar com o atual quadro religioso na América Latina: “Talvez não tenha o carisma de João Paulo 2º, mas Francisco demonstrou que sabe criar atmosferas propícias, sabe se conectar com o povo. O fato de que fala seu idioma faz que os latino-americanos o vejam como um dos seus, que o percebam como alguém próximo”, concluiu.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+