O governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) completou 200 dias recentemente, e a avaliação é que neste período, houve um esforço para cumprir compromissos de campanha assumido com as bases eleitorais que garantiram a vitória, dentre elas, o público evangélico.
Dentre as medidas que foram implementadas para cumprir promessas feitas ao evangélicos destacam-se a ampliação do financiamento de casas de recuperação mantidas por igrejas e a simplificação de regras fiscais nas declarações de arrecadação das denominações.
Outra pauta de destaque foi o compromisso público de indicar um jurista “terrivelmente evangélico” para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Os nomes mais cotados são o juiz federal Marcelo Bretas e o advogado-geral da União, pastor André Luiz de Almeida Mendonça.
Recentemente, Bolsonaro dirigiu-se a parlamentares da bancada evangélica pedindo sugestões de iniciativas que tenham apelo popular. “Essas pequenas medidas têm um alcance enorme no Brasil e trazem a população para o nosso lado” disse o presidente.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que Bolsonaro adotou um estilo de governar “sinalizando para suas bases eleitorais”. Em contrapartida, a oposição tem criticado a postura do presidente.
“Bolsonaro fez a opção de governar para os identificados com o bolsonarismo propriamente dito. Governa para um núcleo duro ligado a ele, deixando vários segmentos da sociedade sem atenção e fazendo até o contrário da demanda desses setores, alguns que votaram nele”, declarou o senador Humberto Costa (PT-PE).
O cientista político Carlos Melo pondera que presidentes eleitos sempre privilegiaram suas bases, e citou os casos dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que nomeou intelectuais para compor o governo, e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deu cargos a sindicalistas.
“Pode-se dizer que são as bases eleitorais, setores que fizeram campanha e elegeram o Bolsonaro, portanto, precisam ser recompensados. Mas isso não é republicano, não é impessoal, não é um governo de técnicos, sem privilégios, como se prometia fazer”, disse o especialista, em tom crítico.