Um indígena homossexual reclamou por sofrer preconceito por conta de sua orientação e sua etnia, e culpou os evangélicos pela rejeição existente nas tribos a esse estilo de vida. No entanto, ele próprio admitiu que os pajés das tribos relatam que antes da influência cultural não haviam indígenas gays.
“Eu nunca tive problemas em relação a minha família, sempre fui bem aceito. Mas existem vários LGBT’s nas aldeias que não se assumem por medo, insegurança ou vergonha”, disse Rogério Macena, 24 anos, integrante de uma aldeia em São Vicente, no litoral paulista.
“Já sofremos preconceito por sermos indígenas. Então imagina quando você também é gay. É sofrer um preconceito duplo”, queixou-se o jovem, que é conhecido na Aldeia Paranapuã como Karaí Popyguá, seu nome indígena.
Segundo Macena, a presença de missionários evangélicos nas aldeias tem resultado no aumento da reprovação à homossexualidade entre os próprios indígenas: “Eles causaram um êxodo tremendo de indígenas LGBT, mais que a Igreja Católica inclusive, porque eles têm ensinado aos indígenas como ter preconceito”, afirmou, em entrevista ao portal G1.
O jovem indígena contou que a reprovação é expressada de forma direta, mas apenas verbal: “Dentro da aldeia, já ouvi que sou anormal e fora dela já cheguei até a ouvir que sou possuído. Para os pajés, que são líderes espirituais, homossexuais não existiam anos atrás”, disse, expondo um indício de que a homossexualidade entre indígenas é um comportamento semelhante ao de pessoas da sociedade em geral.
Por fim, Macena queixou-se das críticas que os heterossexuais fazem aos indígenas LGBT afirmando que, por não reproduzirem, “atrasam” o desenvolvimento das aldeias: “Acho que as pessoas não sabem que ser gay não é um mérito de uma escolha. Simplesmente já somos assim”, concluiu.