O cristianismo na China vem enfrentando uma forte campanha de perseguição por parte do governo comunista local, com igrejas sendo demolidas. O país já é considerado o território onde a Igreja de Cristo é mais hostilizada, .
A Missão Portas Abertas produziu um relatório em que denuncia a perseguição intensa imposta aos cristãos: ao longo de um ano, mais de 3 mil templos foram demolidos por autoridades ligadas ao Partido Comunista Chinês (PCCh).
Essa hostilidade se traduz em intimidação, através da remoção de réplicas da cruz de Cristo do alto dos templos, e também em violência aguda, com demolição de igrejas que são consideradas ilegais pelo governo.
Entre 1 de outubro de 2019 e 30 de setembro de 2020, 3.088 igrejas foram atacadas. O levantamento aponta que, se somado os casos de destruição de templos em dois anos anteriores, o total soma 8.644.
A Portas Abertas também indica que no âmbito jurídico as igrejas enfrentam severas dificuldades, pois ações abertas contra as congregações dificilmente são anuladas e geralmente se arrastam por anos, drenando recursos das igrejas com o processo.
Zhejiang
A província costeira de Zhejiang é um ponto de concentração de cristãos que são empresários.
O governo local lançou em 2013 uma campanha chamada “Três correções e uma demolição”, após um alto funcionário do governo ter se incomodado com o grande número de cruzes em todos os bairros da capital, Wenzhou.
Considerada uma província próspera, Zhejiang representava um conjunto de fatores favoráveis para o florescimento do cristianismo.
Então, o alto funcionário convenceu autoridades superiores que os símbolos cristãos na capital era uma mensagem negativa do ponto de vista da ideologia comunista, e a campanha foi lançada.
Em 2014, a primeira demolição de uma igreja foi realizada, com os trabalhos sendo tratados como um evento. Inicialmente, a cruz foi retirada, e depois, todo o templo da Igreja Sanjiang foi levado abaixo.
Esse episódio seria apenas o primeiro de milhares, com igrejas por todo o país sendo alvo da campanha de perseguição oficial: em 2015, foram 300 templos; em 2016, 1.500. Em 2017, 2018 e 2019 as estimativas de ataques são de 2, 2,5 e 3 mil igrejas atacadas, respectivamente.
“Nesse período são contabilizadas apenas estimativas, pois o número registrado é simbólico, sendo muito menor do que o total real. Levando em consideração os ataques desde 2015, quase 18 mil igrejas já foram afetadas na China. Apesar de ser um número alto, a estimativa ainda é considerada conservadora”, aponta o relatório da Missão Portas Abertas.
Cenário global
Os ataques a igrejas ocorrem no mundo todo, diz a entidade: “Na Ásia, dos 3.445 ataques ocorridos no último período de pesquisa, 3.088 foram na China. Na África, foram registrados 910 ataques, na América Latina 129, e na Europa 4”.
A América Latina, antes reconhecida como uma área pacífica, se tornou “a única região onde a quantidade de ataques subiu quando comparada ao ano anterior”, que havia sido de apenas 65.
“O número de igrejas atacadas na África diminuiu de 3.440 para 910. Apesar disso, a maioria delas permanece fechada e muitos líderes continuam tentando reabri-las. No continente também é importante ressaltar que dez países africanos possuem números simbólicos. Isso ocorre porque, em locais com altos níveis de violência, é difícil obter números exatos de igrejas atacadas e fechadas já que as pesquisas focam no total de cristãos mortos”, pondera a Portas Abertas.