Desde que as Forças Armadas dos Estados Unidos foram retiradas do Afeganistão no primeiro semestre do ano passado, sob o comando do atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a população local tem enfrentado uma série de dilemas para conseguir se manter, incluindo até a venda de órgãos, segundo notícias da rede estatal France 24.
A mídia informou que “o Afeganistão mergulhou em uma crise financeira após a tomada do Talibã seis meses atrás”, em referência à retomada de poder dos talibãs após a saída dos militares americanos na capital do país.
Não por acaso, a organização Portas Abertas elevou o Afeganistão para a posição número 1° no ranking das cinquenta nações que mais perseguem os cristãos no mundo, após 20 anos de liderança da Coreia do Norte, que agora ocupa o 2° lugar.
Isso ocorre porque os grupos minoritários, como o de cristãos, são os que mais sofrem nesse contexto de escassez, tendo em vista que vivem sob a intensa perseguição religiosa imposta pelo Talibã, como se já não bastasse a dificuldade para sustentar as suas famílias.
Segundo a AFP, a venda de rins para fins de sobrevivência no Afeganistão se tornou algo tão comum que a cidade ocidental de Herat passou a ser chamada de “aldeia de um rim”, dado o número de pessoas dispostas a sacrificar um órgão pela vida dos seus descendentes.
“Eu tive que fazer isso pelo bem dos meus filhos”, disse um homem de 32 anos chamado Nooruddin, explicando que ele, assim como milhares de outros, recorreram ao tráfico de órgãos local por desespero. “Eu não tinha outra opção”, destacou.
Diferentemente do que alguns possam imaginar, essa prática de venda de órgãos não é regulamentada pelo Estado afegão, muito embora o seu conhecimento seja uma realidade local por parte das autoridades.
“Não há lei para controlar como os órgãos podem ser doados ou vendidos, mas o consentimento do doador é necessário”, disse o professor Mohammad Wakil Matin, ex-cirurgião de um hospital na cidade de Mazar-i, no norte do país, segundo informações da AFP.
Uma mãe de três filhos também relatou que a busca pela sobrevivência também envolve a venda dos próprios filhos, se comparada à venda de órgãos. “Meus filhos vagam pelas ruas implorando”, disse ela ao se referir à comida. “Se eu não vender meu rim, serei forçada a vender minha filha de um ano.”