Fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola vêm sofrendo com repressão por parte da Polícia durante protestos pacíficos que pedem a restauração da liderança leal à sede da instituição no Brasil.
A RecordTV exibiu reportagens em que cenas da repressão, feitas pela Polícia Nacional e Tropa de Choque, contrastam com os protestos pacíficos.
Uma das imagens mostra um pastor ajoelhado, com as mãos atrás da cabeça, sendo agredido por um policial, mesmo sem esboçar reação.
A emissora, de propriedade do bispo Edir Macedo – fundador da Igreja Universal do Reino de Deus – assegura que os fiéis querem o direito de reabrir os templos fechados pela Justiça angolana, sem perseguição política ou religiosa.
Os protestos vêm crescendo. Dias antes do último incidente com a Polícia, milhares de fiéis da Igreja Universal no país estiveram protestando nas ruas, pacificamente, contra a postura do Estado angolano em relação à instituição.
“Eles pedem o fim da violência, o direito constitucional de praticar a fé e a recuperação dos templos que foram invadidos e saqueados por um grupo de dissidentes”, resumiu o portal R7.
Parcialidade
Recentemente, a crise se agravou ainda mais por conta de uma declaração do ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Fortunato, que comentou a situação com parcialidade ao negar que exista conflito interno na Igreja Universal do Reino de Deus.
Segundo ele, a situação teria sido contornada durante uma assembleia, cujo “resultado foi informado ao INAR (Instituto Nacional dos Assuntos Religiosos), e esta nova direção é o interlocutor com o Estado angolano”.
Essa assembleia, entretanto, não é reconhecida pela ala fiel à sede brasileira da Universal. O bispo Alberto Segunda concedeu uma entrevista coletiva no dia 13 de março, e repudiou a manifestação do ministro Fortunato.
“O conflito começou quando rebeldes desobedeceram e começaram a perseguir a autoridade constituída por Deus”, comentou Segunda, que divulgou um manifesto que contesta as declarações de Jomo Fortunato.
“A presente conferência visa demonstrar que tudo o que tem ocorrido com a IURD, desde novembro de 2019, não passa de um teatro midiático, cujo intuito é o de convencer a opinião pública de que a IURD nada mais é do que uma associação criminosa e, ao mesmo tempo, criar um tribunal paralelo para efeitos de julgamento da Igreja em praça pública, através de inúmeras montagens audiovisuais”, acusou Alberto Segunda.
“Nós, bispos, pastores, obreiros e membros da Igreja Universal vamos resistir até ao fim”, diz o texto do documento. A Igreja Universal, acrescenta, “não é dos rebeldes, nem do Governo, nem da PGR [Procuradoria-Geral da República]” e deve ser dirigida por seus obreiros, membros e pastores “que decidem manter a direção espiritual do bispo Edir Macedo”.
“Ano após ano, a IURD é atacada e acusada pela prática de diversos crimes que nunca são provados em tribunal”, diz ainda o manifesto, queixando-se de perseguição durante a crise: “Que direito tem o ministro da Cultura de decidir quem deve ser o líder da IURD?”, questionou, encerrando sua declaração.