Há meses a Igreja Universal do Reino de Deus em Angola vive uma crise por conta da disputa entre duas alas: um grupo rebelde que atua para tomar o controle das filiais e romper com a sede da instituição no Brasil, e outro fiel à liderança do bispo Edir Macedo.
Recentemente, o ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Fortunato, comentou a situação e negou que exista conflito interno na Igreja Universal do Reino de Deus, pois a situação teria sido contornada durante uma assembleia, cujo “resultado foi informado ao INAR (Instituto Nacional dos Assuntos Religiosos), e esta nova direção é o interlocutor com o Estado angolano”.
Essa assembleia, entretanto, não é reconhecida pela ala fiel à sede brasileira da Universal. O bispo Alberto Segunda concedeu uma entrevista coletiva no último sábado, 13 de março, e repudiou a manifestação do ministro Fortunato, conforme informações da emissora alemã DW.
“O conflito começou quando rebeldes desobedeceram e começaram a perseguir a autoridade constituída por Deus”, comentou Segunda, que divulgou um manifesto que contesta as declarações de Jomo Fortunato.
“A presente conferência visa demonstrar que tudo o que tem ocorrido com a IURD, desde novembro de 2019, não passa de um teatro midiático, cujo intuito é o de convencer a opinião pública de que a IURD nada mais é do que uma associação criminosa e, ao mesmo tempo, criar um tribunal paralelo para efeitos de julgamento da Igreja em praça pública, através de inúmeras montagens audiovisuais”, acusou Alberto Segunda.
“Nós, bispos, pastores, obreiros e membros da Igreja Universal vamos resistir até ao fim”, diz o texto do documento. A Igreja Universal, acrescenta, “não é dos rebeldes, nem do Governo, nem da PGR [Procuradoria-Geral da República]” e deve ser dirigida por seus obreiros, membros e pastores “que decidem manter a direção espiritual do bispo Edir Macedo”.
“Ano após ano, a IURD é atacada e acusada pela prática de diversos crimes que nunca são provados em tribunal”, diz ainda o manifesto, queixando-se de perseguição durante a crise: “Que direito tem o ministro da Cultura de decidir quem deve ser o líder da IURD?”.
Tumulto
No último domingo, 14 de março, o Jornal da Record noticiou evidências de que a crise entre as duas alas da Universal em Angola não cessou: um grupo de fiéis leais à direção brasileira da instituição impediu que integrantes do grupo rebelde invadisse um condomínio onde vivem os pastores e bispos.
Mulheres e homens se uniram e expulsaram os invasores do condomínio residencial e de um templo. A polícia chegou a intervir, dispersando a multidão, mas, segundo uma das fiéis, a atuação favoreceu os invasores. Exaltada, a mulher chamou os invasores para o confronto, mas cobrou que eles tentassem tomar o templo “sem reforços”, fazendo alusão aos policiais.
Confira a reportagem: