Os problemas da Igreja Universal em Angola se estendem por anos, e agora, a denominação liderada pelo bispo Edir Macedo está enfrentando o risco de ser expulsa do país africano.
Todo o imbróglio foi iniciado a partir de denúncias feitas contra a igreja, aludindo a supostas irregularidades cometidas pela cúpula da denominação, além de queixas de pastores que estariam sendo alvo de punições por serem considerados “rebeldes”.
O diretor do Instituto Nacional para Assuntos Religiosos (INAR), Francisco Castro Maria, declarou recentemente que é possível que as atividades da Universal sejam encerradas caso as denúncias apresentadas contra membros da igreja sejam comprovadas pelas autoridades.
Segundo informações da revista IstoÉ, o INAR é vinculado ao Ministério da Cultura da Angola e vem estudando o caso da Universal a partir de dispositivos previstos na Lei de Liberdade Religiosa do país, que em última instância prevê a expulsão de uma instituição.
A polêmica legislação foi aprovada em maio de 2019, e desde então, dois processos contra a Igreja Universal do Reino de Deus foram abertos pela Procuradoria-Geral da República de Angola. Em um deles, investiga-se atos contra a integridade de religiosos angolanos, como vasectomia forçadas. A denominação é acusada dessa prática por ex-pastores também no Brasil.
O segundo processo investiga denúncias sobre remessa de dinheiro ao exterior sem observar a legislação vigente no país.
Procurada pelo Uol para comentar as acusações, a Igreja Universal declarou que a direção da denominação está “serena” e segue “aguardando o andamento da processo de instrução, pois até o momento não se sabe nem se a igreja será acusada”, e acrescentou: “Por isso, é extremamente pré-maturo (sic) e despropositado qualquer menção sobre suspensão ou possível encerramento da instituição”.
Morte de fiéis
O histórico de problemas da Universal no país remetem a 2012, quando a denominação organizou um evento em um estádio de Luanda, capital de Angola, chamado “O Dia do Fim”. Na ocasião, o local ficou superlotado e dezesseis pessoas morreram pisoteadas.
À época, o jornal O País, um dos maiores veículos de comunicação de Angola, criticou a denominação pelo silêncio adotado em relação à tragédia: “Apesar de ter sido um fato amplamente veiculado em todo o mundo, a tragédia de Luanda não foi noticiada pelos canais de informação da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), tendo esta congregação religiosa passado ao largo do problema”.
“No site ‘iurdangola.net’ a tragédia, também conhecida como ‘O Dia do Fim’, evento que esta igreja realizou a 31 de Dezembro de 2012, não faz nenhuma menção, numa clara falta de respeito pelas pessoas que morreram no infausto acontecimento, pelos sobreviventes e suas famílias. E o assunto é tratado como fato que não aconteceu”, acrescentou o diário.
Meses depois do acidente, o governo angolano impôs um fechamento preventivo de todas as igrejas neopentecostais no país, medida que foi revertida em abril de 2013.