O pastor Silas Malafaia concedeu uma entrevista falando sobre a manifestação convocada para o dia 11 de maio, em Brasília, quando diversas lideranças evangélicas irão à capital federal, juntamente com fiéis, levantar um clamor pelo Brasil e protestar contra a corrupção.
O líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) prometeu “descer a marreta” no atual governo, e afirmou que o “ato profético” é uma mudança de paradigma necessário para a sociedade brasileira.
“Vamos trazer líderes evangélicos para podermos orar para livrar o Brasil do caos, da desgraça social, desmascarar essa corrupção toda e termos dias de paz e prosperidade. Cada líder tem o direito de falar o que quiser: tanto pedir oração, quanto falar algo acerca do governo. Eu vou descer a marreta em cima destes caboclos. Mas o ato em si não é para ser a favor ou contra o governo”, afirmou Malafaia, em entrevista à BBC Brasil.
Mesmo com a prioridade do evento sendo religiosa, o pastor admitiu que “não vai ter” nenhum pastor a favor do governo no palanque: “Conheço todos os caras que estão dando apoio. Não vai ter. Se tivesse algum, ia dar vaia. Eu conheço o que o povo evangélico defende”, minimizou.
Malafaia ainda destacou que, mesmo com toda a contundência com a qual se manifesta contra o governo petista, não se sente à vontade para dizer que a manifestação será pelo impeachment, pois não está organizando o ato sozinho.
“O ato é uma convocação para fazermos uma oração pelo Brasil. Por isso falamos um ato profético em favor do Brasil. Se algum pastor falar alguma coisa [a respeito do governo], a responsabilidade é dele. Eu não falo pelos evangélicos porque não tenho procuração. Se o ato fosse meu, eu diria: ‘Vamos pedir a cabeça de Dilma’. Como não é meu, não posso falar que vai ser um ato exclusivo [de protesto contra o governo]. Uns 70 a 80% dos pastores vão se ater só à questão espiritual, vão bater na tecla de orar pelo Brasil”, resumiu.
Explicando o que significa o “ato profético”, Malafaia tentou ser didático: “Profecia é coisa que ainda vai se cumprir, correto? É algo que vai acontecer e que se antecipa. Nós vamos declarar que o Brasil vai ser próspero, vai ter paz e vai ficar livre da corrupção, da crise econômica. Isso tudo é profético”.
O jornalista da BBC Brasil, Ricardo Senra, insistiu, perguntando se a crise econômica e corrupção terminariam junto com o governo. E o pastor assentiu: “Isso aí. É isso aí. É isso aí mesmo. O ato profético é para isso, é para declarar que a corrupção vai acabar, que toda a bandalheira vai ser exposta, que não vai ter derramamento de sangue, porque os ‘esquerdopatas’ têm o DNA da baderna, da desordem […] Na Bíblia, em épocas em que Israel vivia períodos de crise e fome, levantava um profeta que dizia que viria um tempo de paz e prosperidade. E aquilo tudo mudava. Então nós conhecemos esta prática. Agora, eu, além de liberar a palavra profética, vou ‘sacudir a roseira’ sobre o que está acontecendo, não tenha dúvida”, contextualizou.
Sobre a data escolhida, o pastor explicou detalhes dos bastidores da organização do evento: “É muito difícil conseguir licença para a Esplanada dos Ministérios. Nós vamos montar uma estrutura violenta, não vai ser trio elétrico, não. Mas devo conseguir antecipar para o dia 27 de abril, quando o impeachment estará na beira, lá no Senado. Se for em maio também vale, mas queremos antecipar para chegar junto deste momento que estamos vivendo”.
Sobre o manifesto contra as investigações da Operação Lava-Jato, organizado pela entidade Missão na Íntegra, Malafaia comentou em seu conhecido tom de deboche: “Isso é o comunismo no Evangelho. A maioria destes caras, não todos, têm ONGs que mamam no governo. Não representam 1% dos evangélicos do país. Tem luteranos nisso aí, metodistas, presbiterianos… Eu conheço os caboclos, é tudo petista, meu chapa. Eu já disse: assino qualquer documento pelo afastamento de Cunha, Dilma e Renan. Não sou hipócrita”, criticou.