A advogada Janaína Paschoal, uma das autoras da peça de acusação que resultou no processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT) afirmou que a inspiração para a iniciativa veio de Deus. A declaração foi feita na noite da última segunda-feira, 29 de agosto, durante sua última alegação no julgamento.
“Foi Deus que fez que, ao mesmo tempo, várias pessoas percebessem o que estava acontecendo no país”, disse a advogada, observando que várias pessoas passaram a se organizar no intuito de denunciar os crimes de responsabilidade.
Em sua argumentação, Janaína Paschoal afirmou que o Poder Legislativo é extremamente importante na balança dos poderes, e que nessa situação, a República vem antes da democracia, porque a primeira palavra significa “aquilo que é de todos”.
“Ao trazer este pleito, de afastamento da senhora presidente da República, estou renovando a confiança que tenho nesta Casa”, disse a advogada, referindo-se ao Congresso Nacional, figura do Poder Legilslativo.
Remédio
O impeachment, de acordo com Janaína, é um “remédio constitucional ao qual nós precisamos recorrer quando a situação se revela especialmente grave, e foi o que aconteceu”.
Rebatendo o argumento da defesa, de que o impeachment seria um golpe, a advogada reiterou que o processo segue todos os ritos legais. “Para que o povo brasileiro tenha consciência tranquila de que nada fora do que é legal e do que é legítimo está sendo feito nesta oportunidade”.
Desonestidade
A advogada reservou palavras duras em relação à honestidade de Dilma Rousseff, contestando as alegações de seus aliados de que a presidente afastada seja alguém de reputação ilibada: “Não me parece honesto dizer para um povo que existe dinheiro para continuar com programas que para esse povo são essenciais quando já se sabe que eles não existem; não é honesto juntar um parecer e ler apenas um parágrafo; não é honesto dizer que uma perícia que é absolutamente contrária lhe é favorável; não é honesto vir aqui e não responder a nenhuma das indagações, por mais claras e objetivas que fossem; não é honesto agraciar uma testemunha no curso do processo com um cargo público; não é honesto acusar uma colega sem checar”, disparou.
Para Janaína Paschoal, esses fatos mostram aos brasileiros “como é o modo PT de ser”, sempre priorizando o benefício primário do partido: “O modo PT de ser é este. É a enganação, é o PT que não pede desculpas, é o PT que nega os fatos, nega a realidade”.
Dilma, segundo Janaína, repete o “eterno discurso da perseguição” ao invés de assumir seus erros e reconhecer que não tem condições de continuar à frente do país.
Futuro
“Eu finalizo pedindo desculpas para a senhora presidente da República não por ter feito o que era devido, porque eu não podia me omitir diante de tudo isso. Eu peço desculpas porque eu sei que a situação que ela está vivendo não é fácil. Eu peço desculpas porque eu sei que, muito embora esse não fosse o meu objetivo, eu lhe causei sofrimento. E eu peço que ela um dia entenda que eu fiz isso pensando também nos netos dela”, disse a advogada Janaína Paschoal, apontando sua preocupação com o futuro do país como motivador principal para sua iniciativa de acusação de Dilma.