Após meses de indefinição e disputa interna, a bancada evangélica no Congresso Nacional finalmente chegou a um consenso, elegendo para a sua presidência o deputado e pastor Silas Câmara (PRB-AM), que atualmente está em seu sexto mandato.
Aparentemente, os rumores de racha interno entre os parlamentares evangélicos incomodou alguns candidato à presidência da frente, que preferiram afastar o clima de negatividade, abrindo mão da própria candidatura em nome do consenso.
“Estou vendo clima de disputa, para não dizer hostil. Que papai do céu possa trazer paz a esse ambiente”, disse o deputado Glaustin Fokus (PSC-GO), um dos nomes que eram cotados para a presidência, ao lado de Cezinha de Madureira (PSD-SP), Flordelis (PSD-RJ), Abílio Santana (PR-BA) e Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), segundo o portal JM Notícia.
“Temos inimigos suficientes lá fora que já nos rotulam de fisiologistas, sugerem luta pelo poder por parte de líderes religiosos, chegam ao extremo de maldosamente falarem que o DEM já tão prestigiado no governo quer também assumir até a frente.”, escreveu Marco Feliciano em uma carta, ameaçando deixar a bancada caso não houvesse harmonia entre os integrantes da frente.
Na manhã desta quarta-feira (27), porém, Silas Câmara foi eleito por aclamação, dizendo que pretende refazer o estatuto da bancada evangélica para que o tempo de permanência na presidência seja de apenas um ano. “Com isso daremos mais oportunidades para deputados liderarem e com isso democratizaremos a frente”, disse ele.
“Fora disso, o assunto é partidário. Então a Frente se afastará por completo de atuação política direta com o Executivo e passará a ser a Frente dos evangélicos em defesa da vida, da família e dos direitos cristãos. Não iremos discutir cargos”, disse ele em um vídeo publicado em sua rede social.
Com a definição do seu presidente, a bancada evangélica deve se desdobrar em apoio ao governo Bolsonaro, para que pautas de interesse comum aos cristãos avancem no Congresso, como o Estatuto do Nascituro, Estatuto família, o projeto Escola Sem Partido e o combate à ideologia de gênero na educação.
Denúncia de crimes
Assim que o nome de Silas Câmara foi anunciado para a presidência da bancada evangélica, o jornal O Globo publicou uma matéria lembrando das acusações e condenações por crimes praticados, supostamente, pelo deputado.
Entre às acusações estão uma condenação pelo uso de documento falso e falsidade ideológica, sentenciada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2016. Na ocasião, Câmara foi acusado de falsificar documentos de uma empresa em que era sócio, em 1997.
O pastor também foi denunciado por peculato e improbidade administrativa. Segundo a reportagem, tramita no STF uma ação onde o mesmo é acusado de ter desviado o salário de servidores na Assembleia Legislativa do Amazonas, empregando como secretários sua cozinheira, o motorista e o jardineiro da sua residência.