Os integrantes da bancada evangélica já articulam uma ofensiva para ser colocada em prática tão logo o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) seja concluído. A ideia é conseguir a aprovação, em plenário, dos estatutos da Família e do Nascituro.
Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), que vem despontando como um dos principais nomes da bancada evangélica, acredita que se Michel Temer (PMDB) assumir a presidência, o diálogo com o Poder Executivo será mais amplo e flexível.
“O governo do PT é um governo muito mais ideológico em seus princípios do que nos princípios da cultura religiosa do País. Portanto, eu acho que, com o Michel Temer, estes nossos assuntos terão ao menos mais diálogo e mais facilidade, o que em nenhum momento de 13 anos do governo do PT nós conseguimos, excetuando os dois primeiros anos do presidente Lula”, argumentou, em entrevista ao HuffPost.
Além dos estatutos citados, a ideia da bancada evangélica é conquistar apoio para a aprovação da PEC 99/2011, que prevê a extensão às entidades religiosas de âmbito nacional – como a Convenção Geral das Assembleias de Deus (CGADB), Convenção Batista Brasileira (CBB) ou a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – do direito de propor ações declaratórias de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF).
Atualmente, apenas chefes do Executivo e Legislativo federais e estaduais, o procurador-geral da República, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os partidos políticos ou entidades de classe de âmbito nacional possuem tal prerrogativa.
“Manifestação não influencia no voto de convicção da bancada evangélica e nessa hora a gente faz uma interlocução muito boa com as bancadas da segurança pública e da agricultura. Quando a gente junta as três bancadas, a gente aprova”, analisou Cavalcante, adiantando que pode haver uma grande aliança para aprovação de temas de interesse mútuo.
Apoio a Temer
Os deputados evangélicos já apresentaram esses temas ao vice-presidente, porém, o líder da bancada, deputado João Campos (PRB-GO), frisou que a prioridade das reuniões com Temer é o apoio a seu eventual governo.
“Se o governo Temer assumir, precisa de apoiamento não apenas dos partidos políticos, mas também da sociedade. O segmento religioso católico-evangélico toda semana fala com a base porque as igrejas têm capilaridade”, disse.
Na última quinta-feira, 14 de abril, Temer recebeu integrantes da bancada evangélica no Palácio do Jaburu, e recebeu uma “palavra de apoio” e uma oração dos deputados.
“É um gesto de apoio, de solidariedade. Fizemos uma oração por ele, pelo Brasil”, afirmou o deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP), segundo informações do Zero Hora.