Uma série de incêndios em igreja e capelas tem assustado e intrigado moradores de várias cidades no interior de Minas Gerais. Desde março, sete igrejas católicas foram incendiadas, e o caso tem intrigado também a polícia mineira. Além de queimar as igrejas, os criminosos também quebram as imagens de santos presentes nos templos e deixam uma cruz de sal grosso no local, como uma espécie de assinatura.
Segundo reportagem do Fantástico, os criminosos se aproveitam de que à noite as pessoas da zona rural se recolhem em suas casas para agir livremente. De madrugada, eles invadem as igrejas, quebram as imagens e colocam fogo no lugar. Por fim, eles deixam no lugar a característica cruz de sal grosso.
Os ataques começaram no mês de março, e até agora sete igrejas, em quatro diferentes cidades foram incendiadas. O último caso aconteceu no fim de agosto. Na mesma noite foi incendiada uma capela em Macuco e outra uma hora depois em Quatro Barras, a poucos quilômetros de Macuco.
Moradores das regiões onde os crimes aconteceram lamentam a destruição das igrejas, e temem por outros ataques.
– Não estou dormindo de noite. Estou muito preocupada ainda com o que eu vi que nunca tinha visto: o santuário nosso, de nós rezar todo domingo, dia de semana nós reza também, pegando fogo sem a gente poder salvar – lamenta a catequista Maria da Glória Batista.
O crime intriga também especialistas em religião, como o doutor em ciências da religião Pedro Ribeiro. Ele explica que a cruz de sal deixada pelos bandidos e o fogo são, normalmente, usados como sinais de purificação.
– Fazer uma cruz de sal junto de alguma capela, junto a um espaço qualquer, significa ‘vamos purificar’, ‘vamos afastar os maus espíritos que estavam aqui’. O que é intrigante pra mim: quem acha que em uma capelinha, em que as pessoas se reúnem para rezar, para celebrar, que aquilo dali é uma coisa má, é uma coisa de espírito mau? – questiona o estudioso, que classifica os atos como uma agressão ao catolicismo.
– São sinais de dizer: ‘quem faz aquilo que meu Deus proíbe está errado e, portanto, eu tenho que punir’. Ora, isso é intolerância. Isso vai contra todo pensamento da tolerância religiosa, da aceitação do diferente, do sadio diálogo entre as religiões – afirma Ribeiro.
A polícia ainda não tem pistas sobre os responsáveis pelos incêndios, e pede ajuda da população na investigação.
– Por conta do incêndio, não há como colher digitais. Aproveitar para fazer um apelo, se alguém tiver informação, que traga até nós pra que sejam tomadas as medidas cabíveis – pede o delegado Edvin Otto.