A Igreja da Inglaterra viu, na última semana, um de seus bispos anunciar publicamente que é homossexual, e a direção da denominação considerou “completamente irrelevante” a questão em relação ao seu papel na comunidade de fé.
O bispo Nicholas Chamberlain, de Grantham, afirmou que sua homossexualidade não define quem ele é ou sua função na igreja: “As pessoas sabem que eu sou gay, mas não é a primeira coisa que eu diria a ninguém. A sexualidade faz parte de quem eu sou, mas é o meu ministério que eu quero focar”.
A Igreja da Inglaterra, assim como a Igreja Católica, exige o celibato de seus sacerdotes, e por esse contexto, a direção da denominação considerou irrelevante a declaração de Chamberlain sobre sua homossexualidade. Na prática, ele só seria punido se sua homossexualidade o levasse a um relacionamento ou à prática do sexo em si.
Vicky Beeching, colunista do jornal The Guardian, lésbica e ativista homossexual, comentou a decisão do bispo de “sair do armário” e disse que “apenas relações celibatárias entre pessoas do mesmo sexo são permitidas a padres e bispos” da Igreja da Inglaterra. “Eles podem entrar em uma parceria civil, mas estão proibidos de casar-se, e no âmbito da parceria civil não podem haver ‘atos genitais’”, acrescentou.
Segundo Vicky, isso resulta em “uma cultura do ‘não pergunte, não diga’”, ocultando a realidade da vida desses sacerdotes. “Os que entram em parcerias civis, e não o casamento, se comprometem a se manter completamente celibatários. Este requisito avilta totalmente as relações homossexuais. Para muitos, é uma cepa cruel e insalubre em sua parceria que os casais do clero retas não tem que enfrentar”, criticou.
A ativista, que lembrou ter revelado sua homossexualidade há dois anos e “ainda carregar cicatrizes” da rejeição da igreja à sua opção, acredita que muitos conservadores reagirão à revelação da homossexualidade do bispo.
Até 2014, Vicky era uma das cantoras gospel mais populares em países de língua inglesa. Formada em teologia na Universidade de Oxford, na Inglaterra, Beeching é vista como um dos principais nomes da música na Igreja Anglicana. Compositora desde os 11 anos de idade, já vendeu milhões de discos nos Estados Unidos. Para ela, o resumo de tudo o que cerca essa questão, polêmica, é: “Deus me ama do jeito que sou”.