O lançamento de um seguro de vida voltado para evangélicos numa parceria da Associação Vitória em Cristo (AVEC) e a Zurich Seguros, está rendendo críticas diretas ao pastor Silas Malafaia.
A blogueira Vera Siqueira, esposa do pastor Paulo Siqueira, líder do Movimento pela Ética Evangélica Brasileira (MEEB), publicou um artigo analisando as características do produto oferecido e criticou a aura de “projeto social” dado ao seguro pelo pastor Malafaia.
“Realmente seria um sonho o Malafaia mudar seu discurso da Teologia da Prosperidade de um dia para o outro. Seria um sonho vê-lo desprendido dos bens materiais em favor do próximo. Seria um sonho vê-lo vivendo o verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo”, afirmou.
Segundo Vera, o Rede Abençoadora é apenas mais um produto, sem tantas vantagens para o público-alvo: “O tal seguro de vida do Malafaia cobre apenas morte acidental em transporte coletivo (50 mil) e morte acidental (25 mil). Se você adquirir o seguro e tiver morte natural, ou decorrente de uma doença que poderá adquirir com o passar dos anos, seus beneficiários não receberão nada. Ora, é muito mais fácil morrer de morte natural ou por doença do que por acidente!”, exclamou a blogueira.
Uma das características do Rede Abençoadora, o desconto em serviços, também foi questionada: “O tal seguro inédito do Malafaia prevê desconto em farmácias e desconto em procedimentos médicos (consulta e exames). Como o tal seguro tem como público-alvo as classes D e E (que andam de transporte coletivo, uma das coberturas), mesmo com desconto é meio difícil esse pessoal poder usufruir de consultas e exames pagos”, afirmou, fazendo referência ao fato que, em sua maioria, as pessoas de classe D e E utilizam os serviços médicos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Um terceiro detalhe do seguro vendido pelo pastor Malafaia foi destacado por Vera Siqueira em seu artigo: “O tal seguro também tem cobertura residencial para incêndio, raio, explosão e implosão (50 mil). Ora, é sabido que seguro residencial é o mais barato possível, uma vez que as taxas de sinistro são baixíssimas. E como as coberturas anunciadas são as mais básicas possíveis, e esse tipo de seguro só cobre residências em alvenaria e que não estejam em reforma ou construção (e casa de pobre passa anos em reforma ou construção, até ser finalmente finalizada), muita gente que adquirir o tal seguro do Malafaia não poderá usufruir dessa cobertura, embora isso não tenha sido veiculado abertamente”, criticou.
“Muito triste ver essa sutil mistificação de um reles negócio entre empresários (Malafaia e a seguradora) para melhor vender entre os crentes mais humildes […] O que mais me assusta é que a venda de seguros gospel é só a ponta do iceberg malafaiano. Lembram-se que tempos atrás esse pastor se vangloriava de vender seus produtos nas revistinhas do Avon, mas talvez por conta de ameaça de boicote por parte dos homossexuais a parceria foi rompida? Meses depois o Malafaia anunciou sua própria ‘avon gospel’” […] O pior é que não podemos nem mais nos escandalizar com o Malafaia, afinal, meses atrás, ele mesmo disse na abertura da FIC (Feira Internacional Cristã) que tudo isso ‘é business’”, lamentou a blogueira.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+