Uma lista sobre influenciadores que adotam posturas favoráveis ou contrárias ao governo federal veio a público recentemente, e dentre os evangélicos presentes, apenas um pastor foi citado como sendo um opositor do governo: Marcos Botelho.
No Twitter, o pastor Marcos Botelho, dirigente da Igreja Presbiteriana Comunidade da Vila, tem 16 mil seguidores. Em outras redes sociais, o número é maior: 35 mil no Instagram e outros 121 mil no Facebook, onde costuma tecer críticas à figura do presidente Jair Bolsonaro e de alguns ministros.
Sobre a lista, demonstrou incômodo: “Eu me senti, por um lado, nada surpreso pela lista. Acho que qualquer um que acompanha esse governo vai entender esse tipo de censura ou investigação. Eles vão dizer que é só uma análise. Mas você não precisa pagar tanto [pela análise]. Eu me surpreendi zero em ter uma lista, mas me surpreendi por meu nome entrar na lista no sentido de que eu conheço muitos outros pastores que batem forte no governo e não entraram”, disse ele.
Em entrevista ao jornalista Matheus Leitão, da revista Veja, Botelho negou que tenha defendido o governo em algum momento desde que ganhou relevância nas redes sociais: “Nunca apoiei, aliás eu sou um ferrenho crítico do Bolsonaro há muito tempo. Inclusive no período eleitoral de 2018, não votei nele, eu jamais votaria nele. Ele é um boçal, ignorante, não tem como apoiar aquilo, é uma farsa religiosa e política”, criticou.
Dizendo-se de “centro” no espectro político, Botelho diz que suas críticas ao governo são parte da percepção que já possuía antes do início da gestão: “Se ele fizesse alguma coisa boa, eu ficaria surpreso”, afirmou, acrescentando críticas ao ministro da Economia: “O Guedes é uma decepção porque ele só fala. Ele é muito papudo, faz pouco, não privatizou nada…essa era uma das críticas”.
Outro ponto que pode ter levado Marcos Botelho a ser visto como um opositor, por parte do governo, são suas críticas à saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública “Eu sempre critiquei, mas nessa época teve um número tão grande de haters, gente entrando no meu privado e falando que eu era do demônio, era uma enxurrada, era claro que era robô, eu entrava nos perfis era a foto de um tiozinho que não postava nada”, acusou.
Igrejas
Marcos Botelho também entende que igrejas não deveriam apoiar nenhum político de maneira institucional, posição que é compartilhada por muitos outros líderes evangélicos: “O problema é o voto de cajado, o jeito que eles fizeram, uma boa parte, instituições como neopentecostais e essas que tem pouco a ver com o Evangelho. Essas apoiaram institucionalmente o Bolsonaro”.
Em sua visão, o presidente da República não se comporta como um cristão: “O pior é que o Bolsonaro é uma farsa religiosa, ele tem um discurso, mas não tem uma prática de qualquer um que caminha… eu acho que esse apoio feito em púlpitos de igreja, não do púlpito apenas, mas velado nos bastidores da igreja, eu acho que é um absurdo, um absurdo ainda quem apoia claramente o Bolsonaro”, reclamou.
A indignação com a postura de outros pastores, que pensam diferente, levou Botelho a dizer que desconfia que alguns pastores possam ter contrato com o governo: “Vejo muitos pastores que apoiavam e hoje estão calados, acho que é a melhor atitude, se não vai pedir desculpa, pelo menos fique quieto e deixe ele ‘sangrar’. Você tem pastores que vão apoiar sempre, parece que eles têm um contrato com esses caras independente de Evangelho, de roubo, de milícia, de tudo o que está bem exposto”, disse.