Os problemas de dissidência enfrentados pela Igreja Universal do Reino de Deus em Angola continuam envolvendo situações de risco à integridade física dos pastores brasileiros da instituição, e o presidente Jair Bolsonaro enviou carta ao presidente do país expressando preocupação com o cenário.
O racha da instituição liderada pelo bispo Edir Macedo se intensificou em junho, quando pastores angolanos decidiram tomar de assalto metade dos templos da Igreja Universal no país. Houve agressões físicas, despejo de pastores brasileiros e tentativa de invasão de um condomínio onde outros líderes moram.
O presidente Jair Bolsonaro enviou uma carta ao presidente de Angola, João Manuel Lourenço, manifestando “preocupação” com os “recentes episódios” envolvendo a Universal. O mandatário também pediu uma proteção maior aos integrantes brasileiros da instituição “a fim de garantir sua integridade física material e a restituição de propriedades e moradias”.
“Julgamos ser preciso evitar que fatos dessa ordem voltem a produzir-se ou sejam caracterizados como consequência de ‘disputas internas’”, pontuou Bolsonaro, de forma incisiva. O texto foi divulgado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) nas redes sociais.
Conforme informações da revista Veja, antes da carta enviada pelo presidente ao líder angolano, o bispo Edir Macedo pediu ajuda ao Ministério das Relações Exteriores, e o ministro Ernesto Araújo ligou para o chanceler angolano, Téte António.
Uma reportagem da RecordTV, emissora de Edir Macedo, reiterou que o grupo rebelde da Universal em Angola estaria sendo liderado por pastores que foram expulsos da instituição por desvios morais e relatou com imagens parte dos episódios de violência.
Bolsonaro indicou ao presidente angolano que considera a situação intolerável: “Tendo presente o quanto Angola valoriza a liberdade religiosa e a atuação de diferentes denominações, no marco do respeito ao ordenamento angolano, estou seguro de que Vossa Excelência acolherá favoravelmente minhas palavras”, escreveu o presidente.
Da parte do grupo rebelde, as alegações para a tomada de templos, agressões de pastores brasileiros e tentativas de invasão de domicílios são justificadas com a acusação de que a Igreja Universal comete evasão de divisas, lavagem de dinheiro, imposição da vasectomia, discriminação racial e a contratação de uma milícia armada para tentar retomar os templos invadidos à força.
A Procuradoria Geral da República de Angola vem investigando as denúncias feitas pelo grupo rebelde desde dezembro de 2019, mas ainda não fez denúncias à Justiça contra a Igreja Universal, que já é alvo de um processo que visa verificar o registro da instituição no país, onde está presente há 28 anos.
Desde junho a direção da Igreja Universal vem criticando as autoridades angolanas por considerar que providências cabíveis não foram tomadas contra os pastores rebelados.
A IURD tem cerca de 500 pastores em Angola, sendo 65 brasileiros.
Presidente do @jairbolsonaro externou igual preocupação em carta endereçada ontem ao Presidente de Angola, João Manuel Lourenço @JooManuelLoure2 . pic.twitter.com/W5lc820Mbb
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) July 13, 2020