A preocupação do presidente Jair Bolsonaro com as consequências de medidas extremas para a contenção do coronavírus no Brasil o fez comentar a decisão de muitas autoridades – e em determinados lugares, da Justiça – em determinar o fechamento das igrejas. Na visão do mandatário, trata-se de um excesso que fere direitos fundamentais garantidos na Constituição.
O presidente declarou que considera uma medida absurda a suspensão de cultos e missas para tentar desacelerar o avanço do Covid-19 na população brasileira, já que as igrejas são locais que as pessoas vão buscar aconselhamento.
“O que eu vejo no Brasil, não são todos, mas muita gente, para dar uma satisfação para o seu eleitorado, toma providências absurdas… fechando shoppings, tem gente que quer fechar igreja, o último refúgio das pessoas”, disse Bolsonaro em entrevista ao Programa do Ratinho, no SBT, na noite da última sexta-feira, 20 de março.
“Lógico que o pastor vai saber conduzir o seu culto, ele vai ter consciência, pastor ou padre, se a igreja está muito cheia, falar alguma coisa. Ele vai decidir, até porque a garantia de culto, a proteção ao ambiente de culto, é garantida pela Constituição. Não pode o prefeito e o governador achar que não vai mais ter culto, não vai ter mais missa”, acrescentou.
Bolsonaro tem se indisposto com dois governadores em especial devido às medidas restritivas: João Doria (PSDB), governador de São Paulo; e Wilson Witzel (PSC), governador do Rio de Janeiro. Para o presidente, algumas dessas medidas levarão a impactos econômicos piores do que os problemas provocados pelo próprio vírus, e dificultarão a retomada da rotina quando a pandemia cessar.
Em outro ponto da entrevista, ele declarou que essas medidas podem fazer com que trabalhadores autônomos que ficarem sem renda não tenham como levar comida para suas residências, o que pode provocar problemas graves de saúde e até mortes em números maiores do que as provocadas pelo novo coronavírus.
“Eu não quero levar pânico para a população brasileira. Eu não quero histeria porque isso atrapalha… prejudica a economia”, enfatizou Bolsonaro.
De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde até o fechamento desta matéria, o Brasil tem 1.546 casos confirmados de coronavírus e 25 mortes.