A Embaixada Palestina no Brasil é o novo alvo de polêmica da grande mídia em relação à campanha de Jair Bolsonaro. O candidato do PSL anunciou que, se eleito, irá retirar o órgão representativo dos palestinos do país.
“A Palestina não é um país”, afirmou Bolsonaro, que entende que a representação diplomática é uma espécie de gambiarra: “A Palestina não sendo país, não teria embaixada aqui. […] Não pode fazer puxadinho, se não daqui a pouco vai ter uma representação das FARC aqui também”, afirmou Bolsonaro, citando as Forças Revolucionárias da Colômbia, organização terrorista que atua na guerra civil da Colômbia.
“A Dilma negociou com a Palestina e não com o povo de lá. Você não negocia com terrorista, então, aquela embaixada do lado do [Palácio do] Planalto, ali não é área para isso”, acrescentou, fazendo menção ao grupo terrorista Hamas, que comanda a Faixa de Gaza, e ao Fatah, que tem o controle de áreas como a Cisjordânia e das embaixadas palestinas ao redor do mundo.
Estados Unidos e União Europeia não dialogam com o Hamas por conta das ações terroristas, enquanto o Fatah é visto como um grupo moderado, mas decidiu interromper o diálogo com os norte-americanos após a decisão do presidente Donald Trump em reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
Recentemente, Bolsonaro afirmou – na entrevista concedida à Globonews – que pretende mudar a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém, seguindo o exemplo dos Estados Unidos.
Mudança de postura
A decisão de reconhecer a Palestina como um Estado independente foi tomada pelo governo brasileiro em 2010, no último ano do governo Lula (PT). No ano seguinte, com a posse de Dilma Rousseff (PT), a posição diplomática do Brasil em relação a Israel se tornou completamente antagônica, com a ex-presidente recusando uma indicação de embaixador do país.
Em 2016, após doação de um terreno pelo governo brasileiro, a Autoridade Palestina inaugurou sua embaixada em Brasília, no formato de uma mesquita e sendo popularmente reconhecida como uma “miniatura” da mesquita Domo da Rocha, em Jerusalém.
Ao longo dos últimos meses, Bolsonaro vem dizendo que quer tornar o país um negociador no cenário internacional sem o viés ideológico que foi aplicado durante os quase 14 anos em que o governo foi comandado pelo Partido dos Trabalhadores.
De acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo, Bolsonaro busca aproximação com os Estados Unidos, Europa e principalmente Israel. Além disso, quer que o Brasil tenha “a devida estatura” em relação ao Mercosul: “A gente não pode ser um país com o PIB do tamanho de quase toda a América Latina e ficar subordinado a eles”, sublinhou, dando a entender que fará o país assumir uma postura firme e diferente dos últimos anos.