Sexo antes do casamento é pecado. Essa é uma afirmação quase unânime no meio evangélico, e uma conduta condenada pela ampla maioria das igrejas. A afirmação é “quase unânime” porque há cristãos que entendem que o sexo antes do compromisso formal de casamento não é pecado.
Um dos grupos que se reúnem especificamente para tratar do assunto é o Cristãos Libertos, originalmente fundado nos Estados Unidos e que desembarcou no Brasil, como um movimento formado a partir de pessoas que juntam argumentos e relatos históricos para estabelecer um ponto de vista sobre o tema.
O grupo original, baseado nos Estados Unidos, define-se como uma fonte de “suporte e recursos para os cristãos que queiram superar tradições sem base bíblica”.
A bandeira que o grupo levanta envolve a promoção da “intimidade positiva e sexualidade, incluindo poligamia e swing, que é a troca de casais. “A nossa cultura tem sido influenciada por uma tradição cristã sexualmente repressiva que nega o desejo natural dado por Deus de se conectar emocionalmente e sexualmente com mais de uma pessoa, que é a essência do poliamor. A repressão tanto a experiência sexual e conhecimento resulta em uma sociedade excitada pela provocação do sexo, mas com poucas habilidades de intimidade ou conhecimento sexual”, diz um manifesto na página do grupo.
Como argumento, o grupo afirma que dentro das tradições atuais, “muitas pessoas não podem ser honestas sobre seus desejos”, e a poligamia “responsável” poderia promover a “satisfação dessa necessidade com dignidade e a honestidade nos relacionamentos”.
O manifesto do grupo pede que os defensores da monogamia e do sexo somente no casamento devem “pegar a Bíblia e mostrar onde ela prega isso”, e acrescenta que “se você examinar as escrituras e entender os textos originais em grego/hebraico, a história da interpretação bíblica e a influência do pensamento não-cristão na tradição cristã, você vai descobrir que você tem vendido uma mentira todos esses anos”.
Na página do grupo brasileiro no Facebook a afirmação direta e clara que a intenção da comunidade é “demonstrar que sexo antes e fora do casamento não é pecado”. No site do grupo, o tópico sobre fornicação afirma que “não existe absolutamente nada na Bíblia que proíba o sexo antes do casamento”, e atribui tal doutrina a um equívoco na tradução dos originais: “É uma das tradições feitas pelo homem para controlar as pessoas. A única referência está no Antigo Testamento e no Novo Testamento existe somente uma tradução errônea da palavra grega ‘porneia’, traduzida como ‘fornicação’ – uma mentira que não tem fundamento algum”.
O movimento, embora polêmico, não atraiu muitas pessoas ou tomou grande representatividade. No site norte-americano, o contador dos assinantes da newsletter do grupo não saiu do zero, e a página brasileira no Facebook possui apenas 149 curtidas.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+