A Reforma da Previdência é rejeitada por 71% dos brasileiros, de acordo com pesquisa realizada na última semana pelo instituto Datafolha, e a rejeição é majoritária em todas as classes sociais.
2.781 pessoas foram entrevistadas pelo Datafolha entre os dias 26 e 27 de abril, em 172 municípios de todas as regiões, e mostrou que a maior rejeição é entre as pessoas com esnino superior: 76%.
Se a pesquisa for olhada apenas considerando os funcionários públicos – que dispõem de um sistema previdenciário à parte – o número cresce ainda mais: 83% são antirreforma. O tema, polêmico, é uma das principais bandeiras do governo do presidente Michel Temer (PMDB), que dá atenção também à redução dos juros e da inflação.
O relatório da pesquisa mostra que 73% das mulheres são contrárias à proposta de reforma da previdência, e a quantidade se mantém parecida entre os brasileiros que recebem entre 2 e 5 salários mínimos, 74%, e entre os jovens de 25 a 34 anos, 76%.
“Apesar da rejeição à ideia de mudanças, a maioria dos entrevistados concorda com tópicos que o governo pretendia mudar na proposta inicial e outros que ainda estão em discussão no Congresso, por exemplo, das regras especiais que permitem aos professores se aposentar cinco anos mais cedo do que outros trabalhadores”, destacou a reportagem da Folha de S. Paulo.
Inicialmente, o governo propôs que os requisitos de aposentadoria fossem os mesmos para todas as profissões e gêneros, exceto policiais militares e membros das Forças Armadas. No entanto, o relator da reforma na Câmara, Arthur Maia (PPS-BA), mudou o texto para privilegiar o funcionalismo público, com condições mais favoráveis.
60 anos
A proposta atual prevê que homens se aposentem a partir dos 65 anos de idade, e as mulheres, aos 62. Para receber o teto da aposentadoria, o trabalhador terá que ter contribuído ao longo de 40 anos.
A criação de uma nova idade mínima é vista pela população como a principal e mais cruel mudança das reforma da previdência, porque se a regra atual for mantida, homens podem se aposentar com 35 anos de contribuição e mulheres, com 30.
Na nova pesquisa, o Datafolha ouviu da maioria dos entrevistados que eles esperam se aposentar aos 60 anos. Essa afirmação parece ser um senso comum entre os brasileiros, já que a idade foi a mesma declarada em uma pesquisa anterior, realizada em 2016.
Com a discussão sobre o déficit do sistema previdenciário brasileiro – que hoje consome 57% de tudo que o governo arrecada – a quantidade de pessoas que entende que os trabalhadores se aposentam mais tarde do que deveriam diminuiu: eram 59% no ano passado, e hoje são 52%. Agora, 38% dos entrevistados entende que a aposentadoria próxima dos 60 anos é adequada, enquanto antes, esse número era de 27%.