Um casal evangélico foi condenado por homicídio culposo – quando não há intenção de matar – por não buscar ajuda médica para um de seus filhos que estava doente, com problemas respiratórios, e esperar pela cura divina.
Herbert e Catherine Schaible podem pegar 40 anos de prisão devido à morte do bebê de 8 meses chamado Brandon. Antes de falecer, a criança havia passado uma semana inteira em estado grave, com febre e diarreia. No depoimento à Justiça, Herbert disse que seu filho havia falecido por “vontade de Deus”.
O agravante para o casal é que, em 2009, outro filho deles faleceu “em circunstâncias semelhantes”. Na época, o menino de dois anos adoeceu e Herbert e Catherine Schaible preferiram interceder pela cura apenas em oração, e não o levaram a um hospital.
Acusados pelo mesmo crime, foram condenados a 10 anos de prisão, mas receberam um relaxamento da pena em 2010 e cumpriam a sentença em liberdade condicional.
O juiz Benjamin Lerner, responsável pelo caso, está levando em consideração o histórico dos pais e, segundo a emissora de TV ABC, poderá sentenciá-los a 40 anos de prisão quando o julgamento final acontecer, no final deste ano: “Eles aprenderam da maneira mais difícil… Uma criança pode morrer se não receber cuidados médicos”, disse o magistrado.
O casal possui outros sete filhos, e é membro da Primeira Igreja do Evangelho Primitivo, uma pequena denominação com sede em Filadélfia, estado da Pensilvânia. “Acreditamos na cura divina, Jesus morreu na cruz… para superar o poder do diabo”, disse Herbert, que ao lado da esposa, dava aulas na Escola Bíblica Dominical da igreja.
Segundo o pastor Nelson Clark, líder do casal, disse à imprensa que eles perderam seus filhos por causa de alguma “falha espiritual” em suas vidas, e criticou as autoridades por obrigar os membros de sua igreja a buscar ajuda em um “sistema de saúde tão falho” como o dos Estados Unidos.
Agora, enquanto aguarda julgamento, o casal perdeu a guarda dos sete filhos que ainda estão vivos. As crianças estão sendo mantidas num orfanato local. Nos Estados Unidos, 12 crianças morrem anualmente devido à negligência dos pais, que optam apenas por orar e recusam atendimento médico.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+