Jovens muçulmanos que procuram por uma mulher cristã que supostamente blasfemou contra o profeta do Islã incendiaram casas e lojas na região nordeste da Nigéria, disseram fontes.
Os muçulmanos destruíram as propriedades de cristãos em Katanga, estado de Bauchi, depois que começaram os rumores de que um membro da equipe médica da área, funcionária do governo local de Warji, Rhoda Jatau, havia divulgado um comentário blasfemo em redes sociais, disse um morador.
“Um muçulmano alegou ter visto um comentário escrito por Rhoda Jatau, 40, uma mulher cristã, insultando Maomé”, disse o morador da área, Bitrus Yaro, ao portal Morning Star News em uma mensagem de texto.
“Esta informação que o muçulmano passou aos muçulmanos da cidade fez com que incendiassem casas e lojas de cristãos”, acrescentou.
O morador também revelou que Rhoda Jatau fugiu de Katanga, temendo por sua vida. Há duas semanas, a estudante cristã Deborah Emmanuel foi linchada e morta por uma multidão de muçulmanos que a acusavam de blasfêmia. A turba chegou a incendiar seu corpo no campus da universidade.
“Os cristãos também estão sendo atacados. Ore para que aqueles que querem lançar esta nação no caos religioso mudem seus caminhos”, pediu Yaro.
Um pastor que lidera uma igreja na região, reverendo Jibrin Nababa Warji, corroborou o relato de destruição de casas pertencentes a cristãos: “É lamentável e trágico, pois muitos cristãos foram forçados a fugir da cidade para outras áreas do estado de Bauchi”, lamentou.
“Muitos cristãos deslocados estão atualmente na Base Aérea da Nigéria”, acrescentou o pastor.
Um porta-voz da polícia disse que os jovens incendiaram seis casas e sete lojas, ferindo cerca de 20 pessoas, segundo o Daily Trust.
O reverendo Joseph John Hayab, vice-presidente da Associação Cristã da Nigéria (CAN), disse que os muçulmanos da área estavam usando a blasfêmia como pretexto para atacar os cristãos:
“Sabemos e temos evidências de como algumas dessas alegações de blasfêmia são falsas e apenas por chantagem ou ajuste de contas com inimigos percebidos ou jovens bem-educadas que recusaram avanços sexuais do sexo oposto de outra religião”, disse Hayab.
“Também estamos cientes de como os fanáticos no passado levantaram mentiras em nome da blasfêmia. Nós nos perguntamos se os sermões recentes que estamos recebendo de alguns clérigos islâmicos sobre o que o Sagrado Alcorão diz sobre o que deve ser feito se alguém for acusado de blasfêmia é impopular entre os seguidores?”, questionou.
Perseguição brutal
A Nigéria liderou o mundo em cristãos mortos por sua fé entre 1 de outubro de 2020 a 30 de setembro de 2021, somando 4.650, acima dos 3.530 do período correspondente anterior, de acordo com o relatório Lista Mundial de Perseguição da Missão Portas Abertas.
O número de cristãos sequestrados também foi maior na Nigéria, com mais de 2.500, acima dos 990 do ano anterior, de acordo com o mesmo relatório. A Nigéria ficou atrás apenas da China no número de igrejas atacadas, com 470 casos.