O missionário Cláudio Brinco comanda em um clube em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, o “culto dos príncipes”. Nos mesmos moldes do “culto das princesas”, liderado pela pastora Sara Sheeva, o encontro ministrado por Brinco tem como objetivo tratar de assuntos relacionados a relacionamentos e sexo.
– A ideia é estimular uma nova cultura comportamental entre os seguidores da Igreja Celular Internacional (ICI), no que se refere a namoro e, claro, sexo – explica o missionário, que lidera a versão masculina do “culto das princesas” para um auditório com mais de 200 homens.
Cláudio Brinco é casado com a cantora Nãna Shara, irmã de Sara Sheeva, e a reunião liderada por ele segue os mesmos moldes do culto criado pela cunhada. Os dois líderes da ICI utilizam, inclusive a mesma linguagem para falar com os fiéis, fazendo uso de termos como cachorra, cachorro, príncipe e princesa, para se referirem aos comportamentos adotados pelos jovens.
– Que alegria, Senhor! Só ouço voz de macho, voz de varão – brada o missionário no início do culto, onde é proibida a entrada de mulheres. De acordo com Valmir Moratelli do portal iG, que acompanhou um dos cultos, enquanto Cláudio Brinco ministra sua palestra, quase todos os presentes seguram um exemplar da Bíblia, mas em nenhum momento da noite o elas são abertas para a leitura de algum trecho.
– Mulher não entra nos cultos porque, se tiver uma mulherzinha aqui, homem não ora, fica disperso. É bom que vocês só vejam outros homens aqui, tenham liberdade de falar abertamente sobre qualquer assunto – explica Brinco, sobre mulheres não poderem participar do culto.
De seu iPad com capa rosa, o pregador retira uma série de frases que formam um “manual de namoro” para os jovens evangélicos.
– A merenda é só depois do recreio. Príncipe aguarda as ordens do Rei – instrui o missionário, para dizer que os jovens só devem fazer sexo depois do casamento.
– O de língua não é pecado. Mas comida também não é e leva à gula. Beijo é igual a forno elétrico. Liga em cima e esquenta embaixo – diz ele sobre o beijo.
Brinco instrui os jovens também a evitar as mulheres que ele classifica como cachorras, e as diferencias das “princesas”.
– Não diga nada, não ofereça ajuda, porque você não vai resistir. Seu cérebro vai emitir sinais para a cabeça de baixo e aí já era. Recorra a uma pastora. Só uma pastora pode salvar a cachorra – enfatiza que completa: – Atravessa a calçada quando vir uma mulher bonita vindo em sua direção. O diabo sabe que o homem cai pelo que ele vê.
As críticas sobre comportamento sexual são direcionadas também ao cinema, em especial ao filme brasileiro “E aí, comeu?”, que fala exatamente do comportamento que é combatido pela ICI.
– Quando eu servia ao império das selvas, é o que mais se perguntava entre os homens. É uma cultura mundana que, hoje, até as mulheres aderiram. Não se pergunta isso, em nome de Jesus! – ensina o missionário.
No final do culto, muitos dos presentes, a maioria com idades entre 18 e 30 anos, cercam Brinco com uma série de perguntas, todas sobre sexo e relacionamentos.
Veja abaixo algumas das perguntas, e as respostas dadas pelo missionário:
Onde posso encontrar a princesa da minha vida?
“Você não vai encontrar princesa no baile funk do morro do Borel, meu filho. Vá procurar na sua igreja, que é onde Deus fez o seu chamado.”
Ficar sem se masturbar dói. O que fazer?
“Eu sei que dói. Mas pense na dor maior de Jesus. Tem dor maior do que a da cruz? Tem? Tem dor maior do que aquela frase dita por Ele antes da crucificação: ‘Pai, tire de mim este cálice’. Não é fácil, eu sei que não é. Mas é preciso ser forte.”
O que fazer quando encontro a metade da minha laranja e ela está sendo chupada por outro?
“Caia fora, irmão. Ela não é a princesa que Deus quer te dar. Você vai querer chupar uma laranja que já foi chupada por outro? Vai meter a boca ali? Essa laranja não é do Jardim do Éden.”
Com quantos anos posso namorar?
“Namoro no latim é fazer sexo. Não acho este verbo apropriado. Relacionamento entre príncipes e princesas deve ser de dois anos, depois casa. Porque ninguém aguenta tanto tempo sem avançar o sinal. Acho que aos 21 anos, tendo um ano de crente e já sendo batizado, você pode começar a pensar nisso.”
Redação Gospel+