Uma congregação cristã que fugiu da China para a Coréia do Sul foi forçada a deixar o país e está rumo à Tailândia para pedir asilo devido à perseguição contínua de autoridades chinesas.
Os membros da Igreja Sagrada Reformada de Shenzhen desistiram de buscar asilo na Coreia do Sul depois que suas reivindicações foram negadas várias vezes desde que praticamente toda a congregação fugiu da cidade de Shenzhen, no sul da China, entre o final de 2019 e o início de 2020.
De acordo com um comunicado publicado na segunda-feira no The Wall Street Journal por Pan Yongguange, o pastor da igreja, cerca de 60 membros estavam programados para visitar o escritório de refugiados da ONU em Bangkok, capital da Tailândia, para apresentar pedidos de status de refugiado.
Os membros da Igreja também estão buscando reassentamento nos Estados Unidos e expressaram isso aos diplomatas americanos: “Não podemos garantir nenhum status por meio de processos legais na Coréia do Sul, e os EUA também não nos reassentaram”, lamentou o pastor.
A situação é rara, de acordo com o The Wall Street Journal, pois envolve um grande número de membros em busca de asilo, uma prova das preocupações com a forma como o líder chinês Xi Jinping lida com a liberdade religiosa.
Os membros da congregação entraram na Tailândia com seus passaportes chineses e apelaram diretamente à agência de refugiados da ONU. Alguns receberam vistos de turista válidos por 15 dias, enquanto outros solicitaram extensões de vistos que expirariam na próxima segunda-feira.
Embora os membros da igreja de Shenzhen pudessem ter permanecido em Jeju, na Coréia do Sul, enquanto apelavam de seus pedidos de asilo, o processo poderia levar anos.
De acordo com informações do portal The Christian Post, os membros temiam retaliação do governo chinês e tinham poucas chances de ter seus pedidos de asilo concedidos. Recentemente, alguns membros da congregação relataram ter recebido “chamadas de assédio” de autoridades chinesas que alegam que a igreja está cometendo crimes de segurança nacional.
Além disso, os membros da congregação relataram que as autoridades chinesas interrogaram seus parentes, que permaneceram na China, em suas casas, como forma de intimidação.
As autoridades na China consideram a igreja ilegal e a perseguição frequente convenceu os membros a fugir gradualmente da China a partir do final de 2019. Não se sabe por quanto tempo a congregação poderá permanecer em Bangkok, e muitos temem que sejam deportados para a China caso seus vistos acabem.
“Isso é perigoso, mas é uma oportunidade. Se ficássemos em Jeju, não teríamos chance”, declarou o pastor Yongguange.
Em agosto, o grupo ChinaAid, que monitora as violações dos direitos humanos na China, informou que os cristãos viviam em pequenas casas alugadas em uma ilha no extremo sul da Coreia do Sul, trabalhando em serviços braçais. O país recusou asilo devido à influência do Partido Comunista Chinês (PCCh) na nação do leste asiático.
Em junho de 2021, esse grupo de cristãos chineses tentou migrar para os EUA, mas não tinham certeza de que seus pedidos de asilo seriam concedidos.