O cenário de desespero ao redor do mundo por conta do contágio pelo novo coronavírus tem ficado registrado no meio cristão como um momento de perseguição religiosa, já que vem crescendo o número de casos de prisão de pastores que decidiriam colocar sua liberdade religiosa em prática e celebraram cultos nos últimos dias.
Na cidade de Vila Rica, a 1.276 km de Cuiabá (MT), um pastor de 34 anos – cuja identidade foi mantida em sigilo – foi preso pela Polícia Militar na última quinta-feira, 26 de março. Uma denúncia levou os policiais ao templo, que tentaram convencer o líder evangélico a suspender o culto, mas ele se negou.
De acordo com informações do portal local Circuito MT, a esposa do pastor teria afirmado que iria processar os policiais pela ação de interromper o culto e conduzir seu marido à delegacia.
Outros casos foram registrados ao redor do mundo nos últimos dias, como o episódio que culminou na prisão do pastor Rodney Howard-Browne, líder da megaigreja River at Tampa Bay, na Flórida (EUA).
De acordo com informações da agência Reuters, ele foi preso após ser acusado de violar ordens das autoridades de saúde pública que proíbem temporariamente aglomerações para limitar a disseminação do coronavírus. Ele teria celebrado reuniões de oração no templo da igreja.
“Seu desdém leviano pela vida humana colocou centenas de pessoas de sua congregação em risco e milhares de moradores que podem interagir com elas nesta semana em perigo”, disse o xerife do condado de Hillsborough, Chad Chronister.
No Nepal, o pastor Keshab Acharya, 32 anos, foi preso na segunda-feira da semana passada, 23 de março, em sua casa na cidade de Pokhara, província de Gandaki Pradesh. As autoridades determinaram sua detenção depois que um vídeo circulou nas redes sociais mostrando uma oração feita no templo para repreender o coronavírus.
Com a repercussão do caso, o secretário executivo da Sociedade Cristã do Nepal, pastor Mukunda Sharma, disse que pediu ao superintendente distrital de polícia, Dan Bahadur Karki, que aja de maneira justa e não envolva o pastor Acharya em nenhuma acusação criminal: “Eu disse ao Sr. Karki que a polícia não pode processar o pastor por exercer sua fé, e que é uma violação grave dos Direitos Humanos, e ele me garantiu que o pastor foi preso sob custódia apenas por um inquérito”, disse Sharma à agência Morning Star News.
Outro caso semelhante envolveu a prisão de quatro pastores da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Angola. O caso foi registrado no último sábado, 28 de março, na cidade Huambo, sob acusação de desobediência à luz do estado de emergência nacional.
O diretor do Gabinete da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos da província de Huambo, Jeremias Piedade, informou que os pastores foram presos em flagrante enquanto celebravam um culto no templo da igreja do bairro Casseque I, com um total de 35 membros. “Os aludidos pastores já estão a contas com a Justiça e, em breve, deverão responder civil e criminalmente”, disse ele, conforme relatado pelo Jornal de Angola.