A atual crise de abastecimento, que levou a aumentos nas tarifas de água e energia elétrica, tem influenciado na contribuição dos fiéis às igrejas.
O impacto na contribuição é variável conforme as classes sociais, mas não deixa de existir. Em alguns casos, fiéis escolhem o dízimo como vítima, e ofertam menos que os 10% padrão, em outros, as ofertas voluntárias é que deixam de ser doadas.
Segundo reportagem do jornal Correio Braziliense, pastores e padres estão se vendo obrigados a refazerem as contas, segurando investimentos ou reduzindo despesas.
“Ações sociais, venda de rifas e almoços de domingo que ajudavam a turbinar a arrecadação não atraem mais o mesmo número de interessados. A queda no volume de dízimos e ofertas, acompanhada do aumento de gastos com faturas de água e luz, por exemplo, preocupa administradores de templos católicos e evangélicos”, escreveu o jornalista Diego Amorim.
Dados do Banco Central apontam que as dívidas das famílias aumentaram este ano, contrariando três meses seguidos de recuo no final de 2014. Em janeiro, cada família comprometeu, em média, 46,35% de sua renda acumulada ao longo de 12 meses em dívidas.
Em março, uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), indicou que quase seis em cada 10 lares estavam presos a dívidas com cheques, cartões, carnês ou empréstimos.
Junte-se a isso, a inflação que cresce sem freios e agora já chega a 8% ao longo dos últimos doze meses vem minando o poder de compra e de poupança. E isso se reflete diretamente nas ofertas e dízimos dos fiéis.
“No ofertório das missas, ainda percebemos que há muita generosidade, mas quando fazemos alguma atividade extra que pede a contribuição, o pessoal já não ajuda tanto, devido à perda do poder aquisitivo”, lamenta o padre José Emerson Barros, responsável pela Paróquia Santíssima Trindade, em Ceilândia (DF).
A mesma situação se repete em Natal (RN), onde o padre Carlos Sávio Ribeiro dirige uma paróquia em um bairro de classe média alta. No entanto, a queda nas contribuições nesse grupo social é ainda maior: “De maneira geral, as pessoas andam pensando duas vezes até mesmo na hora de pagar o dízimo. Não é como antes, sem dúvida”, lamenta o padre Ribeiro.