O Iraque ainda levará alguns anos para se recuperar do estrago causado pelo Estado Islâmico em seu território, porque mesmo depois da expulsão dos extremistas, muitos cristãos iraquianos ainda se recusam a voltar às suas cidades.
O Exército do país recuperou o controle de todas as áreas antes dominadas pelo Estado Islâmico, e uma operação mais detalhista e menos apressada vem sendo conduzida, para tentar recuperar armamentos e desarmar possíveis bombas que teriam sido deixadas para trás pelos terroristas.
O jornal espanhol El País produziu uma reportagem sobre o temor dos cristãos de voltar a seus lugares de origem, e tomou como exemplo a cidade de Qaraqosh, que era a que concentrava o maior número de cristãos em sua região.
A maioria das casas em Qaraqosh segue de pé, porém, muitas foram saqueadas e grande parte, queimadas. Antes da ascensão do Estado Islâmico e da fuga em massa das pessoas, a cidade abrigava aproximadamente 50 mil pessoas. Hoje não há informações sobre o número de habitantes.
O governo afirma que 70% dos moradores de Qaraqosh eram de origem étnica assíria e seguidores da Igreja Católica síria, e os demais, católicos ortodoxos, católicos romanos e cristãos assírios orientais. Nessa cidade, os muçulmanos eram minoria.
“No total, retornaram aproximadamente 150 pessoas. Meu objetivo é ajudar as pessoas a voltar”, lamentou Zabeb Nuri, de 52 anos, pai de quatro filhas, que tenta retomar a vida que tinha antes, quando trabalhava com equipamentos sanitários. Hoje, ele trabalha fornecendo materiais de construção diversos para quem deseja reformar a casa.
Na cidade de Erbil, um morador curdo afirmou que a população em geral não está segura. A opinião, no entanto, não é compartilhada por seu vizinho: “Há segurança. Desde que expulsamos o Estado Islâmico, está tudo tranquilo”.
Com templos destruídos e muito trabalho pela frente, os cristãos acreditam que será preciso mais do que palavras para que o Estado Islâmico faça parte do passado no país: “Temos segurança nacional, mas precisamos de garantias internacionais. Com a expulsão do Estado Islâmico, não se resolveu o problema porque embora os combatentes tenham sido expulsos, suas ideias continuam presentes. É uma questão de cultura, de aceitar o outro, mesmo que ele seja diferente. A mudança virá pouco a pouco”, concluiu Nuri.