Um dos principais males globais do mundo contemporâneo é o tráfico de pessoas, conhecido como escravidão moderna. Em um gesto simbólico, diversos líderes religiosos, incluindo o papa Francisco, assinaram um manifesto que pede o fim da servidão até 2020.
Aproximados pelos princípios de empatia, amor, respeito e igualdade, os representantes do protestantismo, judaísmo, islamismo, hinduísmo e outras religiões disseram que era “humanamente imperativo e moral” que o tráfico de seres humanos para trabalho forçado, prostituição e venda de órgãos tenha um fim.
O arcebispo de Canterbury Justin Welby, chefe da Comunhão Anglicana, esteve presente na cerimônia, além de representantes do patriarca ecumênico Bartolomeu I, da Igreja Ortodoxa, e o imã de Al-Azhar do Egito, Ahmed Mohamed Ahmed el-Tayeb.
Os signatários também se comprometeram a fazer tudo que estiver ao seu alcance para que os 35 milhões de pessoas, aproximadamente, que hoje estão em cativeiros ao redor do mundo sejam libertados.
“Escravidão moderna [significa] não respeitar a convicção fundamental de que todas as pessoas são iguais e têm a mesma liberdade e dignidade”, disse o comunicado conjunto, de acordo com informações do Religion News Service.
“Comprometemo-nos aqui hoje fazer tudo ao nosso alcance, dentro das nossas comunidades de fé e não só, trabalhar em conjunto para a liberdade de todos aqueles que são escravizados e traficados para que seu futuro possa ser restaurada”, acrescentou o texto do documento, assinado na última terça-feira, 02 de dezembro.
O papa Francisco afirmou que a escravidão moderna é um “terrível flagelo”, e foi apoiado pelos rabinos Abraham Skorka e David Rosen, que é diretor internacional de assuntos inter-religiosos do Comitê Judaico Americano.
Desde que foi eleito pontífice da Igreja Católica, o papa Francisco se pronunciou diversas vezes contra o tráfico de pessoas. Na última terça, ele enfatizou o direito que cada ser humano possui de ser livre e digno.
O empresário e filantropo australiano Andrew Forrest, um dos principais ativistas contra a escravidão moderna, comemorou a reunião ecumênica pelo fim do tráfico de pessoas: “A declaração de hoje é sem precedentes. É a primeira vez na história que tanto sunitas e xiitas se juntaram [às igrejas] Católica, Anglicana e Ortodoxa, bem como judeus, hindus e budistas para trabalhar publicamente em conjunto para eliminar a escravidão. É fundamental que os líderes religiosos conduzam a sociedade para exigir o fim da escravidão moderna de uma vez por todas”, observou Forrest, que é chefe da Fundação Free Walk, uma parceira da Rede Global da Liberdade.