O transgenerismo, resultado prático da difusão da ideologia de gênero na sociedade, é um dos temas espinhosos no que tange ao trato da Igreja de Cristo às pessoas nessa condição. Muitos cristãos entendem que o trato deve acontecer com o pronome correspondente ao sexo biológico, enquanto outros não veem barreiras em tratar a partir da escolha feita pelo indivíduo.
O pastor James David Greear, líder da The Summit Church em Raleigh-Durham, Carolina do Norte (EUA), e atual presidente da Convenção Batista do Sul (tida como a maior denominação evangélica do mundo), abordou o tema em seu podcast publicado no último dia 18 de novembro.
Para JD Greear, os cristãos deveriam tratar transexuais a partir do pronome escolhido pela pessoa, argumentando que esse gesto soará respeitoso ao indivíduo e não mudará a verdade científica de que existem apenas dois sexos: masculino e feminino. No Brasil, a questão é debatida a partir do termo “nome social“, e já resultou inclusive em polêmica sobre a adoção da prática nas escolas públicas.
“A igreja muitas vezes falhou em ser o santuário das pessoas feridas na comunidade LGBTQ”, pontuou o pastor ao comentar que muitos cristãos se veem confusos diante de uma situação como esse. Assim, na visão de JD Greear, é importante que a Igreja entenda que acatar um pronome não muda a convicção a partir das verdades bíblica e científica.
“Por trás de cada caso de disforia de gênero há uma pergunta sobre a oração sem resposta”, disse ele. “Independentemente das cirurgias de redesignação sexual que as pessoas realizam ou dos suplementos hormonais que tomam, elas sempre terão o sexo genético concretizado na concepção”, acrescentou o pastor.
A respeito do pronome de escolha do indivíduo, Greear também pontua que é generoso demonstrar respeito pela pessoa ao trata-la a partir de sua escolha. Como argumento, reproduziu um argumento do escritor Andrew Walker no livro God and the Transgender Debate (“Deus e o debate transgênero”, em tradução livre): “Minha posição é que, se uma pessoa transexual vier à sua igreja, não há problema em se referir a ela pelo pronome preferido”.
JD Greear acrescenta ainda que a forma mais confortável, numa circunstância como essa, é se referir ao transexual pelo nome próprio: “Mesmo que isso pareça estranho”, pontuou, já que na língua inglesa, os nomes “não são objetivamente baseados em gênero”.
Para se aprofundar, o pastor também citou um estudo produzido por Preston Sprinkle, chefe do Centro de Fé, Sexualidade e Gênero, que fala sobre hospitalidade de pronomes. O material sugere que usar o pronome escolhido pelo transexual é uma forma de demonstrar o amor de Cristo à pessoa.
“Acredito que todos os cristãos podem e devem usar pronomes que refletem as identidades de gênero expressas de pessoas trans, independentemente de nossos pontos de vista sobre a ética da identidade de gênero. Se uma pessoa se identifica com você como ‘ela’, espero que você considere um ato de amor semelhante a Cristo chamá-la de ‘ela’ por respeito, independentemente de você acreditar ou não que a maneira como ela expressa sua identidade de gênero está honrando a Deus”, finalizou.