A polêmica em torno do filme Lindinhas (Cuties, em inglês) continua, e a ministra Damares Alves concedeu uma entrevista na última quinta-feira, 17 de setembro, reiterando sua intenção de tentar remover o filme do catálogo da Netflix no Brasil.
A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos disse que está se empenhando, ao longo do mandato do presidente Jair Bolsonaro, para combater a pedofilia e a relativização da erotização infantil na sociedade brasileira.
Na entrevista concedida ao programa Os Pingos nos Is, da rádio Jovem Pan, Damares disse que o argumento usado para defender o filme Lindinhas é vazio: “Não vou levar em conta as intenções da produtora, dos autores, dos atores que participaram. Mas, eles usaram o pior instrumento que eles podiam para levantar um debate sobre erotização de criança. É como se eu, para lutar contra o estupro, pegasse um monte de mulher e mandasse estuprar ao vivo para mostrar para o Brasil”, esbravejou.
“Não se pode conceber a ideia que para se combater ou falar de erotização de criança, eu vou erotizar criança para mostrar como é a erotização. O instrumento escolhido por eles é terrível. A gente não pode aceitar isso como argumento ‘que é para mostrar que existe a erotização de meninas e meninos’. Não”, acrescentou.
Damares Alves resgatou situações que fazem parte da história recente do país, como programas de TV do fim dos anos 1990 e começo dos anos 2000, em que meninas eram estimuladas a reproduzirem danças sensuais de grupos musicais, em especial de axé. Em sua perspectiva, grande parte das pessoas agora está percebendo o cenário como um todo.
“A discussão em torno desse filme levantou a sociedade. Estou achando isso muito positivo, porque há 15, 20 anos, nós, brasileiros, protagonizamos cenas tão terríveis quanto esta do filme, inclusive em TV aberta. Vamos lembrar dos concursos ‘na boquinha da garrafa’ dos concursos para escolher as dançarinas de grupos, como Mini-Tchan; nós víamos isso com crianças de quatro anos em TV aberta o dia inteiro. A gente se silenciou naquele tempo. Hoje eu vejo a sociedade questionando”, celebrou.
O jornalista Guilherme Fiuza questionou a ministra sobre a eficácia de tentar remover o filme do catálogo da Netflix, e Damares Alves reiterou seu posicionamento: “A gente está buscando o embargo do filme para que ele não seja exibido a crianças, que ele não esteja disponível, porque, por mais que o pai fale ‘a classificação indicativa é de 16 anos, 18 anos’, papai e mamãe vão trabalhar, a televisão está ligada em casa”.
“Nós estamos fazendo essa discussão porque as crianças estão tendo acesso, sim, ao filme. Dizer que é só para adulto… e depois […] um filme só para adulto ver criança naquelas posições? Você não acha que tem muitos adultos se deliciando com aquelas imagens?”, questionou.