O socialista Rodrigo Rollemberg (PSB), governador do Distrito Federal, compareceu a um culto na Assembleia de Deus no Gama, no último final de semana, para pedir orações. O fato, corriqueiro na vida de um político, chama atenção, no entanto, por ser ele o responsável pela derrubada de mais de 30 igrejas na região ao longo de 2017.
A visita de Rollemberg à Convenção Evangélica das Assembleias de Deus no Distrito Federal (CEADDIF) pode ser considerada um ato de pré-campanha, já que ele concorrerá à reeleição no distrito. A visita foi intermediada pelo deputado federal Ronaldo Fonseca (PROS-DF), que é evangélico.
Quando recebeu a palavra, fez um breve discurso, destacando as realizações de seu governo nos últimos quatro anos, e também pediu orações para receber orientação divina, de acordo com informações do portal Poder no Quadrado.
“Para governar uma cidade em um momento tão delicado da vida política brasileira… a gente precisa de muito discernimento, de muita sabedoria. Portanto, se eu puder pedir a todos vocês que são pessoas de fé, gostaria de pedir a oração de vocês para que Deus nos dê discernimento, sabedoria, para que possamos fazer o melhor para a população de Brasília”, afirmou.
O governador não deixou de bajular as lideranças presentes, dizendo reconhecer que a atuação das igrejas evangélicas é imprescindível à sociedade e que trabalha para que as denominações possam atuar com “tranquilidade e segurança jurídica”.
Ronaldo Fonseca, que também é pastor presidente da Assembleia de Deus de Taguatinga, deverá sair candidato ao Senado na chapa de Rollemberg, levando adiante o plano da bancada evangélica de tentar eleger ao menos um representante por estado no Senado.
Trator
A truculência com que Rollemberg conduziu a derrubada de templos no Distrito Federal em 2017, alegando que as construções desrespeitavam a lei de zoneamento, ficou marcada na memória dos evangélicos.
Sem espaço para diálogo, e com uso da força policial para garantir que os tratores derrubassem as construções, Rollemberg acabou sendo taxado de “perseguidor”, já que é um socialista convicto e reza na cartilha de Karl Marx, nutrindo antipatia pela religião.
O senador Magno Malta (PR-ES) veio a público afirmar que tratava-se de uma ofensiva direta contra a última barreira de preservação dos valores morais e bíblicos e da família tradicional: “É a perseguição a quem prega valores. Eles odeiam as coisas de Deus. O governador foi senador comigo. Ele é lutador ferrenho, um dos maiores defensores da ideologia de gênero”, alertou.
Ao todo, 32 templos foram demolidos, e de acordo com advogados das igrejas, o governador Rodrigo Rollemberg não respeita nem mesmo decisões liminares emitidas pela Justiça contra as demolições.
À época, Rollemberg recebeu uma comissão de 35 pastores e se comprometeu a não derrubar mais nenhum templo, porém, evangélicos o acusam de não ter honrado o compromisso e ordenado a derrubada de mais um templo após o encontro.
“Quem nunca teve palavra não vai ter palavra em meia hora. Quando esses representantes [pastores] saíram [da reunião], ele deve ter ficado rindo, depois que fecharam a porta, porque no outro dia já mandou derrubar [outra igreja]”, concluiu Magno Malta.
André Alves, advogado da Assembleia de Deus Madureira, resumiu o sentimento dos evangélcios do Distrito Federal: “A partir do momento que ela [Justiça] pega as igrejas e começa a patrocinar a derrubada, deixa de fazer justiça e passa a ser ‘justiceira’… Sendo justiceira, ela está sendo seletiva e ao ser seletiva, marcando igrejas, aí há perseguição religiosa […] O Congresso Nacional precisa abrir o olho para isso, porque tem uma turma aí que não gosta de igreja mesmo não”, destacou o advogado.
Assista a uma reportagem da RedeTV! sobre o caso: