Um quadro com referência à Bíblia está causando polêmica na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) por conta de um requerimento feito por uma deputada que vê na temática judaico-cristã da obra de arte uma ofensa ao Estado laico. Porém, quadros com pinturas de orixás foram ignorados pelo requerimento da parlamentar.
A polêmica está sendo protagonizada pela deputada Fabíola Mansur (PSB), que acredita que a laicidade do Estado está sendo desrespeitada com a manutenção do tradicional quadro que enfeita uma das paredes da ALBA.
“O Estado é laico, como diz a constituição. E nossa Bíblia é a Constituição. O Estado laico não é uma anti-religião, é justamente a garantia de que nenhuma religião pode se sobrepor à outra”, argumentou a deputada, sem mencionar os quadros com pinturas de orixás.
A iniciativa de Mansur foi rebatida pelo também deputado estadual Sargento Isidório (PDT), que é pastor evangélico e famoso por declarações pouco polidas: “É um quadro com a Bíblia com a Palavra de Deus, a pomba que a representa a paz e do outro lado a arca com a aliança que representa a presença de Deus onde ela estiver. Isso está incomodando satanistas. Porque o outro povo está tranquilo, porque o Deus que está ali é o Deus de todos. Aquele Deus representa o Deus que criou o céu, a terra, que deu sabedoria a todos”, disparou.
Sargento Isidório reiterou, em outro momento, que a pintura só incomodava pessoas que adoram a satanás, de acordo com informações do site PA4.
“Isso está incomodando satanistas, que não têm coragem de dizer a verdade e colocar o Deus deles aqui dentro. Se ali naquele quadro fosse encontrado um homem agarrado no outro, era cultura. O problema é que quem está se ofendendo gosta de outras coisas. Quem está se ofendendo, a nível de deputado, é a mesma deputada que quer cassar meu mandato”, criticou o pastor.
A acusação feita foi rebatida pela deputada Fabíola Mansur, que se disse católica: “O plenário da Casa não é igreja, a nossa bíblia é a Constituição”, afirmou, acrescentando que mantém uma Bíblia Sagrada em casa e que a postura de Isidório é um “desserviço” acompanhado de “discursos preconceituosos, que geram intolerância religiosa”.
No entanto, outro quadro com referências religiosas, pintado pelo artista Carlos Bastos e presente em um mural na ALBA desde 1970, ficou de fora do pedido de remoção feito pela deputada Fabíola Mansur. O quadro faz alusões à Procissão dos Navegantes, Iemanjá, Ogum e Oxóssi, além de conter um tridente.