Desde 1558 o parlamento britânico possui a prática de realizar orações todos os dias, antes de iniciar os trabalhos na Câmara dos Comuns e na Câmara dos Lordes, com o objetivo de pedir sabedoria a Deus para a tomada de decisões. Entretanto, um deputado criou uma proposta para impedir a continuidade dessa tradição, alegando a necessidade de haver separação entre Igreja e Estado.
“As orações parlamentares obrigatórias são incompatíveis com o respeito da liberdade religiosa e não devem mais fazer parte dos assuntos oficiais do Parlamento”, quis justificar o deputado Crispin Blunt, do partido Conservador, criador da proposta.
A iniciativa logo agradou grupos progressistas, como National Secular Society (NSS), que enxerga a proibição das orações no parlamento como uma forma de respeitar os não religiosos e estabelecer uma separação clara entre a Igreja e o Estado.
“O culto religioso é para indivíduos que o escolhem, não para nações ou órgãos legislativos”, declarou Stephen Evans, diretor executivo da NSS. Para ele, o parlamento britânico deve se moldar aos padrões da atualidade, sugerindo que a prática das orações seriam ultrapassadas e que desrespeitam a liberdade de consciência dos que não compartilham da mesma fé.
“Os membros do parlamento são naturalmente livres para orar em seu próprio tempo, mas a oração institucionalizada não pertence ao processo legislativo. O Parlamento deve refletir o país como é hoje”, destacou Evans.
As orações são lidas e falam sobre Deus de modo abrangente. Na Câmara dos Comuns, por exemplo, o capelão que faz a leitura pede ao Senhor que os deputados “nunca conduzam a nação de forma errada através do amor ao poder, desejo de agradar ou ideais indignos”.
Apesar de parecer uma boa tradição, contudo, Evans disse que poder eliminar essa prática seria um “passo positivo” em direção à modernidade.
“Acabar com esse anacronismo seria um exemplo tangível da reforma necessária na casa e representar um passo positivo para a modernidade, a igualdade e a liberdade de consciência”, disse ele, segundo o Premier Christian.