O testemunho do missionário Basil Scott é uma verdadeira lição de resiliência e confiança nos propósitos de Deus. Ex-prisioneiro de guerra, ele precisou enfrentar os horrores de um campo de concentração para só então utilizar a sua experiência para alcançar outras vidas.
Basil Scott é filho de missionários britânicos que se mudaram para a China em 1936, quando ele tinha 2 anos. Naquele tempo o país entrou em guerra contra o Japão, sendo invadido por ele. O conflito perdurou até a Segunda Guerra Mundial, terminando apenas em 1945.
De 1942 a 1945 Scott e seus pais foram enviados separadamente pelos japoneses para campos de concentração. Nessa época ele era apenas um garoto de 11 anos que, inclusive, já havia contraído meningite, sofrendo com as sequelas da doença, além da fome extrema.
“Esses três anos foram horríveis, mas não me arrependo deles”, disse ele. “A guerra me fez a pessoa que sou. Eu vi como a esperança tem o poder de trazer vida. A esperança é fundamental – se você a perde, perde também o amor e a fé. Muitos ao meu redor morreram porque perderam a esperança durante a guerra.”
Perdão
Com o fim da guerra, Scott pode reencontrar os seus pais e todos retornaram à Inglaterra quatro meses depois. Ele se dedicou aos estudos da Teologia e História, e foi durante o período na universidade que entendeu a necessidade de perdoar os japoneses pelo que havia acontecido.
“A reconciliação não é um assunto periférico. É o coração do Evangelho. Jesus veio em uma missão de reconciliação para o mundo – e não há nada mais poderoso do que Cristo para nos unir”, disse ele, segundo o Premier Christianity.
Foi através da amizade com um colega japonês, na universidade, que Scott entendeu o quanto precisava perdoar para ser missionário. “Foi só quando tentamos orar juntos que percebi que era apenas Cristo quem poderia nos unir”, disse ele.
“Somente quando consegui deixar o passado para trás e olhar profundamente para a alma dele pudemos nos encontrar de coração a coração. Esse foi um dos momentos mais poderosos de unidade que já experimentei”, revela o missionário.
Com quase 80 anos, atualmente Scott utiliza a sua experiência para ajudar outras pessoas, mostrando que fazer missões é, antes de tudo, um ato pessoal de entrega que envolve amor a Deus e perdão, algo descrito no seu livro God Has No Favourites (“Deus Não Tem Favoritos”).
“Todos são feitos à imagem de Deus, então tentar ver o mundo da perspectiva deles é fundamental para comunicar o Evangelho. Sem amar e entender os outros, nunca cumpriremos nossa comissão ou completaremos a obra de Cristo para nós na Terra”, conclui.