Até onde você iria para evangelizar uma pessoa? A resposta pode ser fácil dependendo da região e das pessoas envolvidas. Mas, e quando o objetivo é alcançar os assassinos que mataram o seu próprio cônjuge?
Este foi o desafio que uma mulher chamada Kelly Saenz decidiu encarar. Ela foi casada com o missionário Pabel Saenz. Ambos viviam na Colômbia, um país que vem apresentando índices de perseguição religiosa cada vez mais altos nos últimos anos.
A intolerância religiosa na Colômbia ocorre principalmente por causa dos carteis de droga, em primeiro lugar, e também por questões étnicas. No caso dos cartéis, os criminosos não gostam do evangelismo, pois isso retira pessoas do mundo do crime, enfraquecendo as organizações.
Também há a intolerância por motivos étnicos nas zonas interioranas do país, onde as tradições religiosas e indígenas são muito fortes. “A média de pressão aos cristãos na Colômbia permanece em um nível alto, aumentando de 9 pontos no ano anterior para 9,4. Isso é principalmente devido à pressão de criminosos e grupos étnicos”, diz a Portas Abertas.
Na lista anual de perseguição religiosa da Portas Abertas em 2020, a Colômbia aparece na 41ª posição em uma lista de 50 nações. “Todas as esferas da vida marcaram acima dos 7,8 pontos dentro do limite de 16,7 pontos e essa pressão é alta em todos os níveis. A pressão é mais alta na comunidade, com 11,9 pontos”, diz a entidade.
Morte do missionário
No caso de Pabel, a sua morte ocorreu em novembro de 2014, quando ele estava trabalhando como moto-taxi e acabou indo parar em uma região perigosa.
“Eles supostamente o mataram porque queriam roubar sua moto. Eles me deram a moto, as chaves e dois capacetes”, disse Kelly ao 100 Huntley Street, um programa de rádio canadense.
O corpo de Pabel desapareceu. Apenas após três dias de buscas a sua esposa ficou sabendo que ele realmente estava morto, depois que recebeu uma ligação da Guarda Indígena local.
Anos depois, Kelly decidiu voltar ao mesmo local onde Pabel foi assassinado. Chegando lá, ela encontrou os moradores nativos e também o chefe da aldeia, quando ficou sabendo que os sobrinhos dele confessaram ter matado o missionário.
Apesar do choque, Kelly não se intimidou e disse que ouviu dentro de si uma voz. “Este é o momento em que preciso ver o seu testemunho sobre mim. O fruto de tudo que você e seu marido tem feito nos últimos anos”, dizia a voz.
Foi isso o que deu coragem a ela para se posicionar em um ambiente tão hostil. “Eu sempre estive na casa de Deus, Ele sempre esteve comigo. Mas quando esses homens estavam na minha frente, eu disse diretamente a eles: Vocês não conhecem o nosso Senhor”, disse ela.
No fim das contas, a mulher do missionário morto naquele mesmo lugar, conseguiu testemunhar o perdão e amor de Deus aos assassinos do seu marido. “Demos Bíblias aos membros da aldeia indígena e também enviamos Bíblias aos dois rapazes que assassinaram Pabel”, disse ela, segundo o Guiame.
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