Apesar do regime político atual da Nicarágua ser conhecido como “sandinismo” – uma referência ao líder político Augusto César Sandino, morto em 1934 – sua essência ideológica está assentada no socialismo, portanto, sendo o país controlado por uma agenda de esquerda, que atualmente está nas mãos do ditador Daniel Ortega.
Ortega impôs ao país um regime de partido único, ao excluir, em 2016, os cargos de todos os deputados que foram eleitos em 2011 pelo Partido Liberal Independente (PLI), liderado pelo líder da oposição Eduardo Montealegre.
Desde então a Nicarágua mergulhou em uma onda de autoritarismo político e ideológico, comandado pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), partido de Daniel Ortega, reprimindo todos os opositores ao regime, inclusive pelo uso da extrema violência, deixando vários mortos e prisioneiros políticos ao longo desses anos.
Um dos exemplos mais recentes de intolerância do regime esquerdista de Ortega é a prisão da jornalista Lucía Pineda Ubau, diretora da emissora 100% Notícias.
Ubau foi detida em 21 de dezembro passado, acusada de “provocação e conspiração para cometer atos terroristas, além de incitar ao ódio por razões de discriminação política”, segundo informações da Folha de São Paulo.
Na verdade, Ubau apenas fez críticas políticas ao regime de Ortega, mas como se trata de uma ditadura, elas não foram bem recebidas e sua prisão foi ordenada. A utilização de argumentos acusatórios de “incitação ao ódio” e “conspiração”, utilizados pelo governo, é uma característica comum em todos os regimes autoritários.
O irmão da jornalista, Alejandro Ubau, visitou Ubau na última terça (22), um mês após a sua prisão. Ele contou que ela foi pressionada a gravar um vídeo pedindo perdão ao ditador Ortega, mas que sua irmã se negou a fazer, chegando a ficar em uma solitária por conta disso.
Ainda segundo a Folha, a jornalista foi interrogada cerca de 30 vezes, sofrendo tortura psicológica para ceder à pressão e fazer a gravação, o que não fez. Atualmente ela se encontra em uma cela junto com outro opositor ao regime sandinista e também diretor da sua emissora, Miguel Mora.