Um pastor que vinha enfrentando uma batalha judicial por causa de uma pregação feita na abertura da Marcha para Jesus, na Venezuela, acabou preso e recebeu uma nova sentença, depois de aguardar um ano na prisão.
Além de pastor, José Albeiro Vivas também é major da Força Aérea da Venezuela. Durante uma edição da Marcha para Jesus, ele fez um discurso de abertura, onde se referiu à libertação espiritual dos venezuelanos, o que acabou sendo interpretado como um discurso político.
“Neste dia 12 de outubro, todos vamos juntos adorar a Deus; adoração pública ao Rei dos reis e Senhor dos senhores. Marcha para Jesus, Barinas 2019, Parque da Federação, 11 da manhã. Convido todo o povo cristão. Sei que Deus está fazendo grandes coisas em Barinas e na Venezuela e o lema deste ano é: ‘Venezuela, chegou a hora da sua liberdade’. Chegou a hora da liberdade. E quem escolher a liberdade, será verdadeiramente livre. Deus abençoe vocês. Obrigado”, disse ele na ocasião.
As autoridades da ditadura venezuelana citaram o uso do uniforme militar, na ocasião da Marcha, para justificar a punição ao pastor. Segundo informações do Guiame, no entanto, o uso da farda militar em eventos religiosos é costume dos militares no país, incluindo católicos.
A motivação por trás da punição do pastor José Albeiro Vivas pode ser de cunho político, já que o líder religioso está há 13 anos coordenando a Marcha para Jesus no país, sendo alguém que detém poder de influência sobre milhares de pessoas.
A organização Portas Abertas, que monitora a perseguição religiosa no mundo, pede orações em prol do pastor Vivas. Segundo a entidade, uma nova sentença judicial, no mês passado, deu a ele liberdade condicional, o que ameniza o seu sofrimento, já que evita o seu afastamento da família.
Contudo, o líder religioso terá que se apresentar mensalmente à Justiça durante oito meses, ficando monitorado durante esse período, o que também significa o risco de ser alvo de novas acusações de cunho político-ideológico.
“A legislação venezuelana garante no Artigo 59 da Constituição a liberdade religiosa, mas, na prática, reações como a que os governantes tiveram para com o pastor Vivas são muito comuns, com restrições à liberdade de expressão de fé, pois quase tudo que eles dizem pode ser mal interpretado e causar condenações”, diz a Portas Abertas.