O PT já estuda uma saída para a atual crise em que o partido está mergulhado e, pensando no futuro, vem tentando convencer Dilma Rousseff a encurtar o próprio mandato, convocando eleições presidenciais para outubro, que seriam realizadas juntamente com as eleições municipais.
A ideia que o PT quer transmitir é que Dilma tem interesse em fazer o país sair da crise política e econômica, com a população sendo responsável por escolher o novo presidente. Seria, assim, uma retaliação à articulação de Michel Temer (PMDB), vice-presidente, e uma forma de enterrar o processo de impeachment.
A informação foi divulgada pela jornalista Mônica Bergamo ainda na noite de ontem, 17 de abril, quando a votação do impeachment na Câmara já tinha passado da metade.
“A ideia é que a presidente anuncie que abre mão de dois anos de mandato mesmo que chegue a ser inocentada de crimes de responsabilidade pelo Senado, que julgará se a petista é ou não inocente e se deve ser afastada em definitivo do cargo, consumando o impeachment. No mesmo projeto, Dilma estabeleceria que, assim como ela ficou seis anos na presidência, o sucessor, escolhido pelo voto direto, teria mandato de seis anos, sem reeleição”, escreveu Bergamo em sua coluna no site da Folha de S. Paulo.
Para que a proposta seja apresentada oficialmente a Dilma, o diretório do PT votará e conversará com aliados, para ver se há apoio ao formato. No entanto, ainda não há consenso sobre o assunto dentro do partido. “Alguns dirigentes do PT, por exemplo, acreditam que Dilma não deve incluir na proposta de eleições a sugestão de novo período para o mandato presidencial nem o fim da reeleição. Outros têm dúvidas sobre a conveniência de a própria presidente figurar oficialmente como autora da proposta ou se o melhor seria ela apenas encaminhar a sugestão do partido, que seria assinada também por outras legendas”, acrescentou Bergamo.
Um dos entusiastas da ideia é o senador fluminense Lindbergh Farias (PT-RJ): “Quem foi às ruas contra o governo queria Temer na presidência e Eduardo Cunha como seu vice? O Temer não tem legitimidade. Ele se aproveitou de manifestações populares para assaltar o poder. Ele tem 60% de rejeição e só 1% de votos. Se esse golpe contra a Dilma se confirmar, não tenho dúvida de que ele cai em seis meses, pela pressão da população por ‘diretas já’”, palpitou.