A entrevista do pastor Marco Feliciano ao jornalista Roberto Cabrini no Conexão Repórter, do SBT, teve como assunto os principais temas pelos quais o deputado federal pelo PSC foi envolvido ao longo de seus últimos anos como parlamentar, e também sobre seu início de ministério como pregador evangélico
Cabrini descreveu Feliciano como um “defensor orgulhoso de ideias conservadoras” e conseguiu arrancar momentos de emoção do pastor e deputado, além de fazê-lo expor seu pensamento sobre as circunstâncias turbulentas que marcaram sua passagem pela presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM).
Questionado sobre seu polêmico início de ministério e suas frases contundentes, Feliciano negou que tenha dito que católicos são adoradores de satanás: “Atribuíram a mim, mas eu não lembro de ter dito isso. Tudo o que foi feito comigo – inclusive essas coisas polêmicas – tem mais de 22, 23 anos, quando o mundo era outro. Há 20 anos atrás, o padre ia ao púlpito falar que os evangélicos adoravam o diabo… Eu me lembro que eu falava contra o catolicismo, porque eu fui católico e deixei o catolicismo”, disse.
O pastor ressaltou que o contexto era outro, marcado por disputas, e que hoje, existe uma aliança entre as duas vertentes do cristianismo: “Havia uma divergência, havia uma briga natural. Só que o tempo passou, hoje os católicos e nós evangélicos estamos unidos nessa luta pela conservação da família”, pontuou.
Confira as principais declarações de Feliciano sobre os temas que Roberto Cabrini o abordou:
Acusação de homofobia
“É difícil. Ver a minha mãezinha, dona Lúcia, uma mulher que mal sabe ler e escrever, andar na rua e ver as pessoas dizerem para ela ‘nossa, seu filho é um monstro’, e ela, que não sabe ler e escrever, falar para as pessoas que o filho dela não é aquilo, que ela educou o filho para ser uma pessoa boa. Eu nunca promovi o ódio, nunca xinguei ninguém, bati em ninguém, nunca falei palavrão contra ninguém”.
Casamento gay
“Eu não sou a favor da união civil de duas pessoas [do mesmo sexo]. Porque a união civil vai dar o direito de adotar crianças, e a adoção das crianças, para mim, fere as próprias crianças. A Constituição, no artigo 226, é clara, diz que casamento é entre homem e mulher. A Constituição não foi alterada. Não é uma discriminação. O constituinte, da década de 1980, compreendeu assim”.
Episódio do avião
“Queriam que eu reagisse. Me chamaram de gay enrustido. Eu deveria ter falado… Não falei porque é do meu temperamento. Quer dizer que eles podem chamar uma pessoa de gay. Uma pessoa que não é, se chamar eles de gays, vai presa. São coisas que não dá para entender”.
Clodovil e Jean Wyllys
“Não tive oportunidade de conviver com o Clodovil [na Câmara dos Deputados], mas eu tive acesso aos vídeos, discursos, projetos de Clodovil. São água e vinho. Os dois são gays. Qual a diferença? Jean Wyllys é um ativista. Clodovil era um ser humano. Quando questionaram Clodovil sobre o casamento gay, ele disse: ‘Não preciso de casamento gay’”.
Direitos Humanos
“O Brasil precisa entender que os Direitos Humanos têm que ser para todos, que existe uma falácia sobre esse número de violência exacerbado contra os homossexuais. Existem violência sim. Eu assisti um programa seu que você falou sobre isso. Eu fiquei transtornado quando vi aqueles meninos dizerem que ‘gays têm que morrer’. Não existe isso. Violência tem que ser extirpada do nosso país. [Quem prega violência contra homossexuais] são criminosos, têm que estar atrás das grades de verdade. Cabrini, eu vou além: nenhum animal irracional deve sofrer qualquer tipo de violência, imagine um ser humano, que é a imagem e semelhança do Criador”.
Família
“Família é o porto seguro do ser humano. Eu sempre fui família, e senti ausência de boa parte da minha, porque fui criado com a minha mãe, não tive pai. Mas criado em um ambiente com 12 pessoas, todos parentes, moravam juntos. Eu sei a importância de a família permanecer junta. E mesmo faltando a comida à mesa, se você tem a família junto, você tem força para produzir, para correr atrás dos sonhos. A família para mim, é tudo. A Bíblia começa com a formação de uma família no Gênesis, e termina em Apocalipse com um casamento, entre Cristo e a Igreja”.
Assista à íntegra da entrevista do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) ao Conexão Repórter: