A mais recente polêmica impulsionada pela grande mídia através de uma leitura equivocada dos fatos ligados a uma decisão judicial que permitiu aos psicólogos auxiliarem homossexuais egodistônicos a encontrarem conforto psicológico com suas orientações sexuais foi comentada por Marisa Lobo, psicóloga especializada em Direitos Humanos. Segundo ela, não existe ‘cura gay’.
Marisa Lobo, uma das inspiradoras da Ação Popular aberta na Justiça por um grupo de psicólogos, rebateu as manchetes da imprensa, que afirmavam que a Justiça brasileira havia dado sinal verde para que a homossexualidade fosse tratada como doença.
“Não existe cura gay, existe uma ciência que trata dos conflitos da alma e comportamento humano. Não posso escolher conflitos a serem tratados, tirados todos em igualdade sem induzir qualquer convicção. Meu paciente é livre”, afirmou Marisa Lobo.
Esclarecendo que o tratamento para homossexuais egodistônicos “não é terapia de reversão”, e sim, aplicação de “técnicas da psicologia que visam o encontro de si mesmo, visam restabelecer a sanidade procurada do paciente”, para que os conflitos internos sejam solucionados. “É ele que escolhe, não o psicólogo”.
A profissional frisou ainda que todas as técnicas aplicadas durante a terapia são aprovadas em convenções internacionais, e não configuram “um novo tipo de tratamento”: “Nós usamos as técnicas aprovadas pela psicologia e não uma suposta terapia inexistente. E se estas linhas da psicologia são insuficientes para gerar bem-estar à pessoa humana que nos procura, então que fechem a psicologia”, disparou.
A ênfase de que um paciente homossexual egodistônico é quem está no controle das escolhas, e o psicólogo cumpre apenas o papel de ajudá-lo a encontrar conforto consigo mesmo foi mais uma vez reforçada por Marisa Lobo.
“Eu ajudo no que o meu paciente desejar. Em meu consultório quem manda é o paciente, não o Conselho. Porém jamais afirmo que tem como reorientar ou não. Apenas explico sobre a teoria da diversidade sexual, que afirma que a sexualidade é fluida, não é dinâmica ou estática como define as ciências biológicas. Baseado neste ensinamento da pós-modernidade, se a sexualidade é plural e fluida, entende-se que ela vai para onde quiser e volta para onde desejar”, acrescentou.
De acordo com a especialista, em termos científicos, não há qualquer pesquisa que comprove que um homossexual não possa mudar de orientação sexual, caso deseje: “Não há um único estudo que afirma categoricamente sobre como se forma o desejo sexual por este ou aquele objeto. É isso que a contemporaneidade quer que defendamos. Logo, se meu paciente busca ajuda por não querer esta ou aquela orientação sexual, ele tem direito de tentar buscar a sua verdade e ninguém nada pode contra essa máxima”, contextualizou, reforçando o princípio compreendido pelo juiz na Ação Popular.
“Defender essa liberdade no setting terapêutico é ético, é não induzir convicções de orientação sexual. Exatamente como prega a resolução”, concluiu.