O sudário de Turim, também conhecido como “Santo Sudário” é um objeto cercado de controvérsias e teorias acerca da sua legitimidade. A peça de tecido, com cerca de 4,5 metros, é tida por muitos como a mortalha de Jesus Cristo após a crucificação, e é marcada por uma imagem interpretada como a de um homem de aproximadamente 1,83 metros de altura com feridas consistentes da crucificação.
Um estudo divulgado recentemente reacendeu as discussões sobre o objeto, e afirma que a imagem gravada no tecido teria sido causada pelo terremoto ocorrido após a crucificação. Publicada na revista “Meccanica”, a nova pesquisa sugere que um poderoso terremoto, de magnitude 8,2, ocorrido na Velha Jerusalém perto do momento da morte de Cristo, teria sido forte o suficiente para liberar partículas de nêutrons das britas.
Os pesquisadores afirma que as emissões de nêutrons durante o terremoto podem ter reagido com as partículas de hidrogênio, criando no tecido uma imagem parecida com a de um raios-X. Outros cientistas já haviam levantado a hipótese de que a radiação de nêutrons poderia ter sido responsável pela imagem fantasmagórica, mas não havia explicação plausível para a radiação.
Um dos principais argumentos contra a autenticidade do sudário como a peça que teria envolvido o corpo de Jesus após sua morte na cruz é sua datação por radiocarbono, realizada em 1988, que mostra a idade do tecido como sendo da Idade Média, entre 1.260 e 1.390d.C. Porém, os responsáveis pela nova pesquisa afirmam que a suposta reação atômica que gravou a imagem no tecido também teria alterado os testes de carbono, feitos por laboratórios de Zurique, na Suíça, Oxford, na Inglaterra, e da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.
– Nós acreditamos que é possível que as emissões de nêutrons pelo terremoto tenham induzido a formação da imagem em fibras de linho do Sudário, através da captura de nêutrons térmicos em núcleos de nitrogênio, e também poderia ter causado uma alteração do nível de carbono – afirma Alberto Carpinteri, um dos autores do estudo.
Com base nesses novos estudos, o presidente da Resurrection of the Shroud Foundation (Ressurreição da Fundação do Sudário, em tradução livre), Mark Antonacci, considerado um dos maiores especialistas no Sudário no mundo está pedindo ao papa Francisco permissão para realizar uma análise molecular do tecido usando uma tecnologia mais recente. E intenção dos pesquisadores com esse novo teste é confirmar ou descartar definitivamente a teoria da radiação.
Apesar dos novos estudos, a teoria é criticada e rebatida por diversos cientistas. Entre os argumentos apresentados contra a ideia de que a radiação teria formado a imagem, e também alterado os resultados da datação por carbono, é de que a datação por radiocarbono feitas outras áreas sismicamente ativas, como o Japão, não têm sido consideradas imprecisas.
– As pessoas têm datado materiais dessa idade há décadas e ninguém nunca encontrou esse resultado – afirma Gordon Cook, professor de geoquímica ambiental da Universidade de Glasgow, na Escócia, ao “LiveScience”.
Por Dan Martins, para o Gospel+