Em 2008, a Advocate, a principal revista de notícias voltada ao público LGBT nos Estados Unidos, publicou uma imagem com a seguinte mensagem, em letras maiúsculas, “GAY IS THE NEW BLACK” (“[ser] gay está na moda”, em tradução livre).
“Foi uma ilustração dramática de uma afirmação (explícita ou implícita) que tem estado no centro do movimento dos direitos LGBT – a ideia de que a ‘orientação sexual’ é ‘imutável’”, comentou Peter Sprigg, que é pesquisador membro do grupo de estudos políticos da Family Research Council, uma entidade conservadora nos EUA.
Para Sprigg, “a esquerda está pressionando por uma lei que reforça que ser ‘gay está na moda’ em termos ainda mais diretos”, no Poder Legislativo do país. “Em 2 de abril, o Comitê Judiciário da Câmara realizou uma audiência sobre a ‘Lei da Igualdade’ – mais conhecida como ‘Lei da Desigualdade’ – uma legislação que se disfarça como uma proteção dos direitos civis que aumentaria a desigualdade e prejudicaria mulheres e crianças”, avaliou.
A iniciativa não é nova, mas ganhou força desde que o Partido Democrata (alinhado com a ideologia de esquerda) se tornou maioria na Câmara após a eleição parlamentar de 2018. O projeto, se aprovado, alterará praticamente todas as áreas da lei federal de direitos civis para incluir “orientação sexual” e “identidade de gênero”, não apenas na área de emprego, mas também em acomodações públicas, moradia, crédito e uma série de outras áreas, de acordo com informações do portal The Christian Post.
A Lei da Igualdade começaria por alterar a lei de não discriminação mais antiga – o Ato dos Direitos Civis de 1964. Esta foi a lei aprovada no auge do movimento afro-americano dos direitos civis dos anos 60 para romper as difundidas leis de segregação racial de Jim Crow no sul dos EUA.
À época, o Congresso também proibiu a discriminação baseada em “sexo”. O que tanto a raça quanto o sexo têm em comum é que são inatos, involuntários, imutáveis, inócuos – segundo a Constituição dos EUA. “Nenhum desses critérios se aplica à ‘orientação sexual’ (ou ‘identidade de gênero’). No entanto, o Equality Act (‘lei da igualdade’) acrescentaria essas ‘categorias’ à lei federal, no entanto”, comentou Peter Sprigg.
“Este projeto baseia-se em parte na ideia de que quaisquer leis ou práticas que de alguma forma prejudiquem aqueles que se envolvem em conduta homossexual – desde restringir seu serviço militar, definir casamento como a união de um homem e uma mulher, e até permitir que escolas religiosas não os contratem ou admita-os – são inerentemente injustos porque a orientação sexual de uma pessoa (assim como a raça) é fixada no nascimento (ou antes) e nunca pode mudar”, acrescentou.
Esse projeto poderia implicar até que pastores e padres, assim como igrejas, fossem obrigadas a celebrar cerimônias de união homossexual, e até impedir a pregação bíblica que define a homossexualidade como um pecado.
Na decisão da Suprema Corte de 2015, que redefiniu o casamento para incluir casais do mesmo sexo (Obergefell v. Hodges), o juiz Anthony Kennedy foi explícito em declarar que sua opinião se apoiava nessa premissa. “Somente em anos mais recentes psiquiatras e outros reconheceram que a orientação sexual é […] imutável”, declarou Kennedy. O casamento é um “direito fundamental”, e a “natureza imutável dos peticionários determina que a união entre pessoas do mesmo sexo é o seu único caminho real para esse profundo compromisso”.
“Há apenas um problema sobre esse argumento de imutabilidade; a ciência mostra que simplesmente não é verdade! Na evidência que mostra que a orientação sexual pode mudar, desmistificando o mito da ‘imutabilidade’, eu relato sobre estudos acadêmicos nas últimas duas décadas com base em quatro grandes conjuntos de dados retirados de pesquisas sobre sexualidade. Esses estudos são ambos ‘baseados na população’ (representativos da população como um todo) e ‘longitudinais’ (ou seja, eles pesquisam os mesmos indivíduos em intervalos de anos separados, permitindo-nos medir a mudança ao longo do tempo)”, afirmou Sprigg.
“A verdade é que ‘orientação sexual’ é um conceito multifacetado, envolvendo uma combinação de atrações, comportamentos e identidade pessoal. Todos estes quatro estudos demonstram que é possível uma mudança significativa em cada um dos elementos da orientação sexual. A porcentagem que muda da homossexualidade para a heterossexualidade variou de 13% a 53% (enquanto a porcentagem que muda da heterossexualidade para a homossexualidade variou apenas de 1% a 12%). Em uma pesquisa com ‘entrevistados atraídos por pessoas do mesmo sexo’, até 38% dos homens e 53% das mulheres ‘mudaram para a heterossexualidade’ em um período de apenas seis anos”, acrescentou.
Esse apontamento feito por Sprigg conta com uma surpreendente confirmação: a estudiosa Lisa Diamond (que se identifica como homossexual) há muito estuda e escreve sobre a ‘fluidez sexual’ das mulheres e diz que homossexuais não nascem assim.
Em um artigo de 2016, produzido com seu colega Clifford Rosky, ela declarou: “Dada a consistência dessas descobertas, não é cientificamente correto descrever a orientação sexual entre pessoas do mesmo sexo como um traço uniformemente imutável”.
Sprigg aponta que “alguns estudiosos da esquerda (incluindo Lisa Diamond), ainda defendem uma agenda política LGBT – mas o fazem com base em argumentos para a liberdade sexual pessoal, em vez de argumentos sobre a natureza da orientação sexual em si”. Esse ponto, acredita o pesquisador, “equivale a substituir um argumento enraizado nos princípios de ‘direitos civis’ com um argumento enraizado nos princípios da revolução sexual”.
“À luz desta evidência, o público seria sábio se questionasse se os esforços do movimento LGBT para andar sobre os ‘direitos civis’ já podem ser justificados. De fato, a ciência mostra que as evidências de imutabilidade – sobre as quais muitos se basearam para defender tal legislação – simplesmente não existem. Se o Congresso realmente quiser seguir uma política baseada em evidências, rejeitará a ‘Lei da Igualdade’ e sua premissa enganosa”, encerrou.