Aviões militares dos EUA bombardearam combatentes islâmicos que estavam em marcha para a capital curda do Iraque na sexta-feira depois que o presidente Barack Obama disse que Washington deve agir para evitar um “genocídio”.
O bombardeio veio como resposta a uma onda de violência que começou nos últimos meses no Iraque e na Síria, quando o grupo muçulmano extremista Estado Islâmico (EI) passou a tomar importantes cidades e anunciou que pretende levar a batalha até a capital iraquiana, Bagdá.
O presidente Obama autorizou os primeiros ataques aéreos dos EUA no Iraque desde que tirou todas as tropas em 2011 argumentando sobre a necessidade de ações para deter o avanço islâmico, proteger os americanos e centenas de milhares de cristãos e membros de outras minorias religiosas que fugiram para salvar suas vidas.
– No início desta semana, um iraquiano da área gritou ao mundo: ‘Não há ninguém vindo para ajudar’ – disse Obama que completou dizendo: “Bem, hoje a América está indo para ajudar”.
– Nós podemos agir com cuidado e responsabilidade para evitar um potencial ato de genocídio – afirmou o presidente norte americano.
Apesar da investida norte americana, um militante do Estado Islâmico afirmou à Reuters que tais ataques aéreos “não teriam impacto” sobre eles, e que se Deus está com eles nem a morte irá pará-los.
– Os aviões vão atacar posições que eles acham que são estratégicas, mas não é assim que operamos. Somos treinados para a guerra de guerrilha de rua. Deus está conosco e nossa promessa é o céu. Quando temos promessas do céu, você acha que a morte vai nos parar? – disse o militante.
Islâmicos sunitas, os militantes do EI consideram os xiitas, grupo predominante no Iraque, como infiéis que merecem ser mortos e afirmam que os cristãos têm que se converter ao Islã, pagar uma taxa religiosa ou enfrentar a pena de morte.
Avanço do Estado Islâmico no Iraque
Combatentes sunitas do Estado Islâmico, um ramo da Al Qaeda rejeitado pelos sucessores de Osama bin Laden, realizam ataques no norte do Iraque desde junho. Seu avanço se acelerou de maneira drástica na última semana, quando seus guerrilheiros invadiram várias zonas sob controle dos curdos nas proximidades de Mossul, cidade do norte do Iraque.
Os jihadistas também assumiram o controle de Sinjar, a 50 quilômetros da fronteira com a Síria, expulsando quase 200.000 pessoas.
Os Sunitas e o Estado Islâmico
Sunitas é o nome dado aos adeptos da corrente majoritária do islamismo. Esses religiosos constituem maioria em quase todos os países muçulmanos, exceto no Irã e no Iraque. Originalmente, os sunitas adotam uma interpretação mais flexível dos textos sagrados e adaptam sua crença ao tempo em que vivem. Essa corrente do islamismo tem sua ação política e religiosa marcada pela conciliação e pragmatismo, com o diálogo entre povos e religiões.
Porém, os sunitas do Estado Islâmico são radicais e têm adotado uma conduta violenta no conflito.